Postagem em destaque

INDICE AO BLOG NSG E À BIBLIOTECA VIRTUAL LACHESISBRASIL BASEADO EM BUSCAS ESPECÍFICAS

OBSERVE POR FAVOR QUE A MAIORIA DOS LINKS SÃO AUTO EXPLICATIVOS, E CONTÉM INDICAÇÃO DE CONTEÚDO ANTES MESMO DE SUA ABERTURA: 1) SOBRE ...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Cartas do Saara



David Oldjani (França), à trabalho no Saara, e sempre envolvido com a herpetologia e proteção da fauna em geral, manda hoje mensagem e imagens. Em toda parte, declínios populacionais, pressão antrópica. Melhor mostrar que falar ...









David esteve no Núcleo Serra Grande, e também na linha dos declínios populacionais, faz as seguintes observações sobre o que lá viu ...


THE LAST BUSHMASTER

It could be a science fiction story about a giant deadly snake living deep in the remote forests of Latin America. The god snake Surucucu. Unfortunately, it’s not fun time. The giant deadly snake is real, but in fact it’s not a serial killer. Rather a serial killed ! The bush is loosing his master, and the Brazil is loosing one of his finest natural patrimony.

The Bushmaster is an unique species that cannot adapt to altered environment. Many other snakes, or animals in a wider view, will accept to survive in what the humans consider as a gift to Mother Nature, few percent of forest protected in national parks, in middle of a totally messed up world. The Bushmaster will simply vanish, being the best ecological warning species. 93% of the Mata Atlantica is destroyed, and the remaining 7% can look very sexy for the ecotourist, but it’s already a lost paradise. Simply, a dead walking nature. And the Bushmaster’s population depletion is the signal that everything goes wrong, regardless of what communication agencies can claim.

But, like in all science fiction-like story, there is a hero. A crazy medicine doctor with a crazy project. Saving the most dangerous snake in the world, because it’s a crime to let it disappear. I had the unique luck to visit his sanctuary, the Nucleo Serra Grande. The biggest group of Bushmasters in the world. Also, the last chance for the species. We all complain the mankind let some emblematic species disappear and nothing can bring them back. But, at the seconds you read those lines, there is a guy called Rodrigo Souza, struggling to save this species out of extinction. If  the species still inhabits the forests from Bahia State in few tens years, it will be only thank to his huge work and love for those snakes. Without him, another species will follow the Dodo and the Mammoth to the Pantheon of Life.

It’s a new trend in “first world” zoos and aquariums network: the “primitive herpetoculture”. Try to let the nature do it alone ! The easier the better. Don’t put your hands in the vivarium, nature will do it for you. Dr Souza is fully in this trend, and his captive center is working perfectly. Animals inhabits semi-natural pens, under a protected forest habitat corresponding exactly to their needs, in outdoor conditions. But, it’s not meaning animals do not receive a perfect care. Preys are fed like member of high gastronomic society, providing the best nutriments to the Bushmasters. Snake pens are extraordinary clean. How many international famous zoos should take example on those enclosures! And of course, snakes are handled with parcimony, living a true wild life, without exasperating visitors.

Compared to many other snake breeding centers I could visit in the world, Serra Grande Center let me a positive feeling for the future of one of the most valuable and precious endangered species. This guy is really on it. Not using conservation to get money, but using his money for conservation ! His energy that led him to create this structure is so strong that I can start again to be optimistic on the future of the Atlantic Bushmasters. Of course, the way to success is still long, but Dr Souza’s great job is the last chance of the last Bushmasters.


THANKS TONS DAVID

R






























sábado, 11 de maio de 2013

Pluto e os Desígnios de Deus



Empresários experientes tem (também) a intuição como guia. Sua avaliação subliminar de um apresentador vale mais que qualquer power-point elaborado. Fui ao encontro de um deles recentemente. Havia um grande cachorro solto dentro de sua casa. Raça rara, não era um Scooby-Doo com certeza, apesar do tamanho. Conheço o Dog Alemão, aquilo era um Pluto.





Bem, o Pluto gostou de mim, e eu dele. Passamos os primeiros 15 minutos do tal encontro brincando um com o outro, esquecidos da vida. Quando eu achava que era só amizade, ele tentou ter relações sexuais comigo. O tal empresario reparou na nossa 'afinidade', bom sinal talvez. Ele adorava aquele cachorro e estava preocupado. Perdera um outro a poucos dias, provavelmente picado por surucucu. O bloodhound fora achado morto na mata em uma grande poça de sangue. Picadas de surucucu provocam hemorragia digestiva rápida, vômitos de sangue abundantes.

Das gargalhadas pelo reco-reco do cachorro agarrado à minha perna quebrou-se o gelo, e em minutos já estávamos divagando sobre Herzog e seu 'Homem Urso', ou se cobras enxergam ou percebem calor. Eu não estava ali com o pires na mão. Mas deveria estar. O biotério do Núcleo Serra Grande passa por dificuldades que só se resolvem com dinheiro, em somas que não tenho como disponibilizar sozinho.

Alguns dias depois do encontro, recebo mensagem comentando meu trabalho com Lachesis: "não sou da área, mas sei reconhecer a dedicação obstinada quando a vejo". O sujeito tinha entendido o Núcleo Serra Grande. Mas havia um porém, ele 'gostava do gato sem desgostar do rato'. Gostava das cobras (de longe), mas queria que os ratos do biotério vivessem melhor, e assim, dessa confluência espontânea de desejo e necessidade, iniciamos um movimento que em alguns poucos meses vai nos levar a instalações padrão CONCEA, Conselho Nacional  de Controle de Experimentação Animal, sem igual na região.

Dizem que 'Deus escreve certo por linhas tortas'. Não sei de Deus, de escritas, de linhas. Acho estranha a pretensão do merecimento.


























Mas no auge das minhas dificuldades no Núcleo Serra Grande, estranhos apoios tem surgido do nada.

Leia também: http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2012/12/do-lanterna-dos-afogados.html





sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Dilema das Corais


Segunda feira ultima, 7 da manhã. Assumo o plantão da Sala de Emergência. Dentre os pacientes, 'picada de coral verdadeira'. No prontuario: " 00:54 hs ... contato feito com a Toxicologia do João XXIII, UTI móvel a caminho, indicados prometazina e hidrocortisona ... "

A paciente S.A.S lavava roupas. Ao abraçar uma grande pilha delas no chão, sentiu a fuga da cobra vermelha e preta por entre seus dedos, seguida de forte dor de cabeça, vômitos e dificuldade para respirar. Capturaram a cobra. Cobra e paciente adentraram o serviço medico às 00:18 hs horas da segunda feira, 29/04.

De longe vi que a paciente dormia pesadamente, com frequência respiratória normal. A tal UTI móvel não veio. Estaríamos na oitava hora de evolução do caso, e sem soroterapia especifica, a paciente estaria agonizando. Algo não batia.

Fui ver a cobra, que fora classificada por telefone. Era da especie que Luca manipula no primeiro vídeo abaixo, mas bem menor. O sono da paciente devia-se à prometazina (e não ao veneno), droga administrada com a intenção (ilusória) de minimizar eventuais alergias ao soro, que felizmente faltou: desnecessário, potencialmente danoso à paciente, sem dizer que um acidente real poderia não ter a assistência adequada frente ao desperdício destas raras ampolas.




Acordei a paciente (abaixo), comunicando sua alta hospitalar, explicando que aquela cobra era inofensiva, e que seus sinais e sintomas deviam-se à ansiedade, ao medo da morte. Não fui questionado. Com um sorriso e um forte abraço saiu correndo do hospital, provavelmente para outra enorme trouxa de roupas.




Frente à grande e cronica confusão, Luquinha dá sua contribuição à solução do Dilema das Corais: falsa ou verdadeira ? Neste primeiro vídeo manipula uma Oxyrophus trigeminus de quase 1 metro. Essa cobra tem o olho vermelho - o olho de todas as corais perigosas é minusculo e preto - e os anéis do desenho não passam pela barriga, fechando todo o contorno do animal. É uma falsa coral de identificação instantânea para o leigo




Já neste vídeo abaixo Luquinha manipula a cobra que quebra a regra: 'se o anel passa pela barriga a coral é verdadeira'. Na Erythrolamprus aesculapii os anéis fecham o contorno completo do animal inofensivo. É uma cobra com olhos grandes. Todas as corais verdadeiras tem olhos minúsculos.




Já abaixo, em manipulação profissional, Luquinha mostra Micrurus frontalis e Micrurus leminiscactus, corais verdadeiras, cada vez mais comuns no entorno da grande Belo Horizonte, nesses condomínios bacanas em especial. Repare nas duas cobras, três anéis pretos intercalados por dois brancos e/ou amarelos. Repare que quando Luquinha eleva a Lemniscactus, os anéis fazem claramente volta completa na região ventral da cobra. Observe também a cobra da direita: sua cauda permanece levantada e com movimentos rítmicos. A lógica do comportamento defensivo seria desviar a atenção do predador da região vital, a cabeça. Esse é um comportamento tipico de coral verdadeira sob stress.




Cobras com essas características, anéis vermelhos, pretos, brancos e amarelos, em qualquer combinação, não devem ser tocadas no Brasil. Havendo acidente, o soro é raro, e não há garantias de neutralização plena do veneno poderosíssimo. E vamos ao fechamento do caso S.A.S ...


                         




quinta-feira, 2 de maio de 2013

Matrix, sincronicidade e sorte na vida





Neste ultimo final de semana, muita atividade em Serra Grande.

Rui, com outros cinco e de caiaque, subiu uns 6 km do Tijuípe, à partir da Reserva Caititú. Linha amarela, rumo oeste.






Simultaneamente, eu descia o Tijuípe no rumo leste por outros 6 km, com três pessoas, à pé e margeando o rio até o mar.






Nosso grupo cruzou estas águas por cinco vezes no trajeto....






























Travessias nem sempre tão simples. Sexta à noite, Brasil na balada. Lua cheia. Pirambeiras, nós na roubada.




























Mas como era bom estar lá. O problema foi ter escutado o relato de Tureba, e depois ir meter a canela em território de Lachesis.

Você em especial, que duvida da NEUROTOXICIDADE EM LACHESIS, aumente o som e preste bastante atenção neste curto depoimento.






A bio-blitz contemplativo-fiscalizatória ocorreu por sincronicidade. Não houve acerto ou combinação previa entre Rui e eu. Gostamos do que vimos. Mas há motivos para preocupação.

A área visitada por Rui é das mais isoladas. Ainda assim, a média do diâmetro das arvores avistadas era de 40 a 60 cm. Floresta secundaria em regeneração.

Rumo oeste, nosso grupo conheceu um mega loteamento. Da BA 001 até a foz do Tijuípe, conhecida por Caranha. Em sendo legal, trata-se de uma estranha concessão do Inema/Ibama, ou sei lá de quem.

Na manhã anterior, meu momento Matrix ...




Afastei o quanto pude do bote que vinha em direção ao meu rosto. Como sabia que haveria um segundo ataque, completei a inclinação para trás com um rolamento treinado à exaustão no Krav Magá.

Sei que parece cascata, mas foi exatamente o que aconteceu. Uma testemunha ocular em breve publicará seu relato*do ocorrido, e daí retorno ao tema.

*o tal relato, aqui http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2013/08/mea-culpa.html

Quanta coisa cabe no decimo de segundo. Tive tempo de ver a bocona branca se aproximando do meu nariz e pensar: 'que dentição perfeita, está bem saudável, que bom', e inclinar em explosão para trás, rolando e me afastando do segundo bote, que já estava prontinho. Essa surucucu especifica pesa mais de 15 kg (sim, QUINZE quilos), e tem 2,20 metros. Foi por pouco.

Cheguei em casa no domingo ainda mais silencioso que o habitual. Meus filhos cheios de novidades. Luca tocando Mozart na guitarra. Gabriel gostando de Maria Clara.

Tenho muita sorte na vida.