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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

'Deus e Diabo na Terra do Sol'



Esse seria realmente o titulo mais apropriado para um relato sobre esses 15 dias de janeiro com meus filhos no NSG: houve do melhor e do pior no período em meio a estiagem prolongada e temperaturas atipicamente elevadas.

Vermifuguei todos os animais, esquema padrão de anos. Tive muitas mesas dessas de plastico jogadas longe pelas surucucus, é sempre bom trabalhar na que temos agora.






O procedimento foi padrão e sem intercorrências, e todos os animais receberam associações de febendazol e ivermectina para cães de até 10 kg. 1/4 de comprimido POSTADO atraumaticamente com pinça de Kosher 08 cm esôfago adentro após embebimento em clara de ovo, com a porção da cobra cervical retificada na imobilização.






Introduzir o comprimido não dura 60 segundos, mas o manejo nem sempre é só tranquilidade, como ilustrado nessa 'passada de guarda' da imagem abaixo, onde foi necessário apoio leve dos joelhos, e de toda a perna do joelho aos pés, limitando movimento do animal e protegendo-o.




Quanto à estrutura do NSG, conclui a área de apoio ao visitante e educação ambiental - imagens abaixo - e com a madeira nobre que encontrei no fundo de rios da região poderia construir outras três unidade destas.








Concluímos também o quarto com banheiro civilizado (privada, chuveiro quente) junto à 'barraginha', estrutura para proteger nossa nascente e acumular água de chuva, abaixo. Esse quarto servirá ao programa de visitas técnicas ao NSG ...







De melhor, acordei para minha parcela de culpa no 'ensimesmamento' que se observa entre crianças e celulares e afins. OFERECIDAS OPÇÕES outras que não 'a segurança' nossa do dia-a-dia e seu tédio inerente, vi meus filhos optarem por ser Martim-pescador, em vôos corajosos sobre rios profundos, sucedidos por corpos cansados no embalo da rede e do fogo de chão, em nada virtuais.







O chamado ESTADO DE CHOQUE é um dos mistérios da lida com Lachesis: após uma contenção prolongada em que NÃO HOUVE lesão anatômica, ou qualquer outra, a surucucu não se recupera. Permanece como que anestesiada, e morre. Como se abatida pelo stress. Necrópsia normal. Nada, nenhuma dica a não ser um opistótono eventual (fotos abaixo), como o que se observa nas meningites dos humanos.






O 'T' do Gabriel foi nossa resposta a essa intercorrencia, e nunca mais, mesmo nos procedimentos mais prolongados, tivemos morte por choque, confira:

http://www.lachesisbrasil.com.br/download/BulChicagoHerpSoc_Vol41Num10pp183-184%282006%29.pdf

No hall dos meus pesadelos na lida com Lachesis, as lesões cervicais, o estado de choque e agora, graças aos eventos deste janeiro, a intoxicação por ivermectina.




Boyer e auxiliares, pioneiros mundiais na reprodução em cativeiro de Lachesis tratava seus animais com 200 micro gramas de ivermectina por kg. Dois dias após a vermifugação descrita no inicio desta postagem, um auxiliar deu dose de porco grande para o plantel de surucucus, oferecendo a elas ratos injetados com 2,0 ml de Ivomec, cada. Algumas comeram 05 desses ratos. Em 17 de janeiro, após 15 anos de esforços no NSG encontrei todo o plantel em estado terminal em função de fogo amigo. Na falta de carvão ativado parti para a sondagem oro-gástrica e administração de óleo mineral (20 ml/dia) em todos os animais, na tentativa de provocar uma síndrome disabsortiva com diarreia. Todos  os animais foram colocados num recinto onde a temperatura podia ser baixada em dois graus em relação ao ambiente externo, lentificando o metabolismo (e absorção) como um todo. Paralelamente hidratava os animais com 20 a 40 ml de solução do tipo 'Pedialit 90', duas vezes ao dia. Isso de 17 a 31 de janeiro. E sozinho, quebrando todo o protocolo. É que não estava em condição emocional para trabalhar em proximidade ao causador do problema. O bom aqui foi testar-me novamente como 'nas antigas', quando NINGUÉM na região aceitava minhas propostas de emprego por medo das surucucus.

Imobilizações nesse período foram de todos os tipos, sempre retificando e protegendo a porção cervical ...






E a esperança veio na forma de diarreia induzida com expressão manual das fezes ...





Mesmo eliminado o conteúdo intestinal, a persistência da síndrome aparentemente neurológica indicava absorção maciça da ivermectina, e só me restava seguir hidratando, já que nenhum animal se movia ou era capaz de beber água sozinho. Para quem não sabe, durante a guarda dos ovos - 70 a 91 dias SEM COMER - algumas fêmeas só abandonam o posto para ingerir entre 100 e 200 ml de água numa só tomada.

Surucucu precisando e aceitando travesseiro, para evitar regurgitação e aspiração pulmonar do Pedialit, é uma coisa de cortar o coração ...




Somente dois animais desenvolveram sinais de acometimento pulmonar (boca aberta), por reação do tipo corpo estranho (pneumonite) à carcaças de pentastomídeos no parênquima do pulmão, ou por aspiração de Pedialit, quadros de remissão espontânea.





Não perdi animais, e quando deixei Serra Grande, em 31/01, as quatro surucucus que ainda permaneciam sob cuidados intensivos já bebiam água sozinhas. Seis seguiam em observação nas barracas da enfermaria, ainda sem 'a rodilha' perfeita, mas a caminho, enquanto o restante do plantel já havia voltado para os viveiros externos. Quem comeu menos ratos envenenados obviamente respondeu melhor e mais rapidamente ao tratamento.




O olho do dono não apenas engorda o porco. O olho do dono apaixonado é a própria vida do porco. Foi muito pior ver estas cobras morrendo do que me ver acidentado. Como Timothy Treadwell rezando por chuva para permitir a subida dos salmões para 'seus' ursos, eu - como ele um sujeito sem fé - me vi rezando pelas surucucus para 'Alá, Jesus, Buda e outras coisas flutuantes', como um naufrago enviando mensagens em garrafas, e fui atendido.




Não rezei por mim na minha hora mais critica, aqueles 5 minutos imediatamente posteriores à picada da surucucu, e estranhamente só pensava: 'que presentão vou dar à minha mãe' (cujo aniversário é em 20/01), 'eu num saco preto' ...





Atento, consegui não 'PERDER A COMPOSTURA', e descarregar nos filhos - o sagrado da minha vida - a enorme tensão daqueles dias. Creio que voltei melhor do Inferno, pronto para amparar as 12 novas crias que em breve virão: para toda maré baixa, uma alta.































Mais sobre esses ovos ... https://www.youtube.com/watch?v=rz4b2n0ivHM