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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sobre o "Duplo S"




Respondo com certo atraso a uma pergunta recorrente, sobre a questão do "Duplo S", a grande arma de Lachesis. Avalie três breves parágrafos abaixo:

"O envenenamento por Lachesis é considerado grave. Na estatística nacional de acidentes ofídicos, Lachesis ocupa o terceiro lugar (3% do total), porém em outras regiões a sua participação é maior (10% dos casos na região Norte). No Nordeste, a Bahia é o estado com o maior numero de acidentes por picada de cobras. Em 2007 foram registrados 2530 acidentes, dos quais 20 evoluíram para óbito. Na região de Itacaré e entorno (BA), há relato comprovado de três acidentes com Lachesis em 2007, dos quais 01 evoluiu para óbito.

A população rural que conhece a surucucu tem grande temor a este animal, e as suas características biológicas justificam boa parte desse medo. A serpente tem coloração críptica, sendo de difícil detecção no chão da floresta. A surucucu tem a particularidade de armar o bote com duas curvas em "S", o que permite um bote de 50% do tamanho do corpo (outras Viperidae do Brasil enrodilham com uma curva em "S" e tem bote com cerca de 30% do comprimento). Aliado ao porte de até 3,60 metros, pode-se afirmar seguramente que a surucucu detém o maior alcance de bote entre as cobras venenosas brasileiras.

Estas características fazem com que o manuseio da surucucu necessite de pessoal treinado e equipamento adequado. A soltura também é uma questão delicada. Por questões de segurança, no caso de captura recomenda-se translocar o animal para áreas desabitadas e de grandes dimensões. Como grandes proprietários rurais teme por sua segurança ou de sua criação domestica, não autorizam a soltura em suas terras. Restaria pois a liberação em unidades de conservação, porem tal opção tem muitas restrições técnicas e legais, e na pratica dificilmente é utilizada. Isto significa que é grande a chance da serpente "encalhar" em um CETAS se não houverem outras opções de destinação além da soltura"


O texto acima (editado) é do Analista Ambiental e Biólogo do Ibama, Carlos Eduardo F. Luzardo, no parecer COEFA 73/2010, pg 14, e resume a questão do "duplo S". Não tenhamos ilusões, não há cobra mais perigosa na lida, a distancia segura nunca é a que você imagina. Resgates de fauna, quando o animal está em stress máximo e em modo sobrevivência, são risco eminente de vida.


Abaixo, em registros de Bernardo Esteves, encaro o "duplo S" de um animal de 2,30 metros, cujo primeiro bote já foi desferido (daí o alinhamento do animal).

Aqui, meu quase fim http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2013/08/mea-culpa.html






Ou mais didático, o duplo S, no detalhe ...























Abaixo, o duplo S armado, e visto de frente

























E finalmente o raríssimo momento do duplo S aberto, com o animal à 50-60 cm ou mais do solo, ativamente seguindo a fonte térmica. Foto analógica minha, de muitos anos atrás ...




























sexta-feira, 5 de julho de 2013

Cancer e Surucucu


A repórter Viviane Mottin, do 'Estado de São Paulo', trouxe esse assunto ao publico leigo em 2004, e desde então, volta e meia me perguntam algo a respeito. Alguns eufóricos, esperançosos, outros céticos, todos perdidos. Os especialistas por algum motivo não se pronunciam, como se aqui houvesse uma caixa preta, um segredo.




É fato: os trabalhos de CRESCENTI, em 2003 e 2011, demonstraram que o veneno de Lachesis muta inibiu o desenvolvimento tumoral em camundongos, impedindo sua nutrição por inibição da angiogênese. Sem vasos sanguíneos para nutrir o tumor, seu crescimento e disseminação são comprometidos.

SANZ e colaboradores, em 2008, observaram que camundongos portadores de tumores, inoculados com o veneno da surucucu, tiveram sobrevida aumentada em relação à grupo controle. Estes mesmos pesquisadores comprovaram que o veneno de surucucu inibiu em até 70%, a proliferação in vitro de células cancerígenas diversas, relacionadas aos canceres de mama, melanomas, pulmão, pâncreas e alguns linfomas.

SANTOS, em 2013, relata a presença de onze famílias proteicas no veneno da surucucu da Mata Atlântica. Dentre estas famílias proteicas, numa proporção de 22,41%, encontram-se enzimas chamadas 'inibidoras de proteases', que retardam desenvolvimento e metastatização de células tumorais, como demonstrado por XIE, em 2011.

É isso então, não é boato, nem esperança de curas imediatas, mas os canceres são mais uma linha de pesquisa promissora envolvendo o Gênero Lachesis.