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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Só pra contrariar





Anonimo solta essa: '... chato você, do contra, carnaval, Canudos, samba, descobrimento, Lula ...' + '...' + '...' + '... '

Grato pela visita, e vamos lá. Conteste objetivamente para que o debate não fique vago: que linha mereceria retoque na postagem de Canudos ? Qual seria sua argumentação para rebater a minha, na questão da intencionalidade ou não do 'Descobrimento' ?

A quem interessar possa, a questão de Canudos está aqui:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2013/11/diego-zamudio-e-greene.html

E a questão do 'descobrimento' do Brasil, aqui (no meio da postagem, mapa mundi como referencia):

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2014/09/caa-ete.html


E no mais, gosto e opiniões, não escuto samba nem coisa alguma, nada bate o silencio, mas me comovo com Candeia / Cartola https://www.youtube.com/watch?v=XB8kk-8nmSw e não pela fé, mas pela arte, também me emociono com Jorge Aragão https://www.youtube.com/watch?v=v97YvRmD_Yo onde até essa coisa difícil do amor romântico parece claro e simples https://www.youtube.com/watch?v=OecgJ9j4Q5c 

Confirmo a falta de estomago para a mitologia ufanista, e já que você cita Santos Dumont e Lula, aí vai mais do mesmo, a começar por Dumont: não, ele não foi o 'Pai da Aviação'. Isso (o titulo) é coisa do Estado Novo e de Henrique Dumont Vilares, seu sobrinho. Porque meio mundo cita os irmãos Wright como pais da criança ? Demorou, mas consegui responder satisfatoriamente a questão para mim mesmo.




O desafio da época: quem teve a primazia do voo com um aparelho mais pesado que o ar, sem auxilio externo, isto é, utilizando meios de propulsão e deslocamento existentes no próprio avião ?

Por 'mais pesado que o ar' entenda-se aviões, por 'mais leve que o ar', entenda-se balões.

A cronologia desta conquista do ar foi mais ou menos assim:

1) A primeira decolagem de um avião tripulado, motorizado e com asas fixas, impulsionado ladeira a baixo, deu-se em 1874 em Best, na França, com Felix du Temple.

2) Otto Lilienthal testa planadores de desenho eficiente na Alemanha, em 1896. Acaba morrendo a seguir, num deles.

3) Orville e Wilson Wright, em 1901-1902 na dunas de Kitty Hawk, North Carolina, fazem testes com planadores sem motor.

4) Em 1902 e 1903 os irmãos Wright fabricam seu motor e hélice e iniciam de fato suas experiencias.

5) Em 13 de dezembro de 1903, com os irmãos Wright ocorre o tal primeiro vôo da historia, pela ótica dos americanos.

Os detalhes sobre esse voo:

1) Os Wright criaram um motor pesado, de 108 Kg com potencia de 15 cavalos. Uma relação 7 kg/cavalo. Na França existiam motores com a relação de 2 kg / cavalo.

2) O avião do Wright não tinha trem de aterragem e decolagem. Se tivesse seria ainda mais pesado e problemático.

3) No tal voo, depois do motor acelerado, o avião foi lançado num trilho do alto de um declive, as dunas de Kitty Hawk. Segundo um telegrama que enviaram ao pai, o avião atingiu sustentação quando a velocidade em relação ao ar atingiu 31 milhas por hora: 10 milhas / hora, resultantes da potencia do motor, e as outras 21 milhas / hora eram o vento local. O voo durou 57 segundos.

4) Sem o vento constante de Kitty Hawk, e sem o lançamento da colina, este voo não seria possível.

A partir  de 1904, o Flyer II dos irmãos Wright passou a contar com uma catapulta para tentativas de decolagem.

Na França em 1905, o brasileiro Alberto Santos Dumont, já lendário e premiadíssimo em função de seu sucesso com os balões dirigíveis, iniciava a concepção e construção do "aeroplano".

Em 12 de dezembro de 1906, no campo de Bagatelle e sob a fiscalização do Aeroclub da França, o aeroplano 14 Bis, pilotado pelo próprio Alberto, valendo-se de um motor Lavavasseur de 24 cavalos pesando 45 kg, e contando com trem de pouso e aterrissagem, alçou um voo de 220 mts com duração de 21 segundos e 1/5, em dia sem vento. Ou seja, decolou e posou sem auxilio externo, com um a parelho mais pesado que o ar.

Em 1908 os irmãos Wright fizeram demonstrações na França utilizando a catapulta.

Em 1910, em Bagatelle, o Aeroclube da França erige uma homenagem 'ao primeiro recorde de aviação do mundo'. E em Saint Cloud, em 1913, o mesmo aeroclube instala um Ícaro de bronze tendo no pedestal a inscrição: "Santos-Dumont, pioneiro da navegação aérea"

Da controvérsia Irmãos Wright - Santos-Dumont, tendo como base a premissa de 'voar sem auxilio externo, utilizando meios de propulsão e deslocamento existentes no próprio avião', conclui-se que o brasileiro chegou lá antes. Se a questão é o voo em si e o design definitivo, onde asas "sugam o ar para cima", gerando a sustentação e capacidade de manobra, os Wright levaram.

Abaixo, registros originais, para que você mesmo conclua:

https://www.youtube.com/watch?v=ro5wkljLn7k

https://www.youtube.com/watch?v=Wfyvspnko04
  

Pelo acima exposto, não acho que Dumont tenha sido 'pai' de nada, e sim mais um elo da corrente que, da Renascença e os esboços de da Vinci, aos tantos outros pioneiros supra citados, resultou no que temos hoje nos ares.





Como a 'Marcha para Oeste', essa não foi jornada de um homem só. A quem interessar possa, a Marcha para Oeste, abaixo:

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/03/marchando-para-oeste.html 


E concluindo, quanto a 'Lula' que você também cita, é só uma questão de honestidade. Não sou referencia de nada, mas não me nivelo pelo entorno politico atual.

A quem interessar possa, Lula foi citado aqui:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2015/02/minha-primeira-vez.html 

E nas paginas 22 e 23 do meu Catecismo (quando ele tinha 90% de popularidade e estava próximo da canonização), aqui:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/01/fundei-uma-religiao.html


Existem momentos em que se tem que mostrar a cara, partir para a dividida, como fazia outro brasileiro que você não conhece caro leitor, Almir Pernambuquinho, o 'Pelé Branco.







Quando o jogo é desleal (como o desse Brasil de hoje), quando é hora de partir para o pau, todo vascaíno ou flamenguista com mais de 50 anos de vida se recolhe em pensamento:

 ' ... ah se Almir (ou a coragem) estivesse em campo ! ...'


Aguardo seu retorno.

Abraço,

R






sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Os Feras e eu




Um dia (24 horas) de trinta corpos no IML de Belo Horizonte, a maioria jovens, e a certeza de que começou essa merda de novo, a tirania da 'alegria'.






Me sinto tão peixe fora d'agua nesse ambiente festivo quanto num 'Premio Nacional de Biodiversidade' do MMA, onde fui inscrito por uma leitora do blog. O carrasco propondo abraço ao enforcado. Se há uma palavra para classificar o Ibama nestes 12 anos de esforços em Serra Grande, essa palavra seria 'HOSTIL'.

Olho para a capa do Eddie acima e me lembro de uma outra, e de um outro. O outro é a 'alma sebosa' travestida de respeitável cientista, que conspirou pelos animais de Serra Grande, e que vendeu veneno de surucucu misturado com Tang - aquele suco artificial em pó também amarelinho - ao Sr. Marcio Maruyama do extinto instituto San Marú, maculando sua reputação entre os compradores alemães quando a eletroforese detectou 'glicose' (em doses risíveis) na peçonha. A outra (capa do Eddie) que esse outro (bandido) me lembra, é essa abaixo, 'O Fera'.






Pra quem não conhece o glorioso Eddie (Olinda, Pernambuco, Brasil) aí vai a amostra grátis, mas antes aumente o som:




Com a realidade da sequencia brutal de plantões em todo o carnaval pela frente, e sabendo o que vou ver estes dias, empreendo fuga e como certas drogas que provocam alheamento, as cobras vem e me salvam de novo, num teletransporte para outro mundo, mais claro.

O mundo em si já é pequeno demais para elas e para todos os outros viventes que não nós, os inteligentes. É o que leio na elegantíssima revista da FAPESP, gentilmente enviada por Carlos Fioravanti, autor de matéria em que sou citado e que retrata um trabalho de campo de quatro décadas, cujo fechamento é coordenado por Cristiano Nogueira (MZ-USP) e de onde se conclui: 'se não agirmos agora, em 20 anos não haverá mais o que preservar' ...










E tome-lhe mais teletransporte ... Polly Matzinger me manda email (hoje 12/02) perguntando:

'when the snake strikes, its venom does not get injected IV,  it's probably sub Q or I.M.  so what happens if you inject a tiny amount that way, repeatedly?'

(o que acontece num organismo quando pequenas quantidades de veneno de cobra são injetadas no subcutâneo ?)

Meu impulso é responder: 'te preparam para um choque anafilático no caso de acidente verdadeiro', sempre lembrando-me do Emanuelle Gallman, e tantos outros ..



Mas aí vem as incertezas que a idade nos trás, e lembro-me de outro leitor do blog, um canadense que me escreveu do Japão, e que fez em si 47 inoculações de veneno diluído (de uma cobra japonesa, Gloydius blomhoffi) ao longo de um ano, buscando a construção de uma imunidade que tornaria inofensiva, sem efeito, uma picada verdadeira (inoculação real, volumosa e sem diluição) dessa mesma cobra. Abaixo seu email:

Hello Mr.Souza!

My name is Edwin Snell, I am a Canadian living in Japan.

I love conservation and nature.  I never got the eduction for that type of work, but I always wanted to do it.  I should have tried harder!

Now I just make my money teaching English (and conservation ideas!!) and donate money to nature organizations.

In Japan we have gloydius blomhoffi, the Japanese mamushi.  I keep several actually, because many people here put them into alcohol (the way they do it is horrifying actually)

I actually do self immunization with mamushi venom.  If I am bitten, there are no serious effects, only local swelling (gone within a few days)

Do you have a facebook account?  I would love to keep in contact with you!!

Sincerely,

Edwin


Respondi alarmado que carregasse consigo adrenalina ('Epi-Pen', ou caneta de epinefrina), sugestão acatada mas o experimento continuou, e quando ele permitiu a picada verdadeira, sintomas mínimos aconteceram.

Em Davos, na Suiça, um brilhante casal de cientistas turcos, Cezmi e Mubacel Akdis, acompanha (como imunologistas) o manejo de abelhas, e já detectou que no começo da estação os criadores reagem fortemente às picadas, ao contrario do que se verifica no final da estação, onde o veneno dessas abelhas parece nem mais fazer efeito. 

E o que dizer de Tim Fried, que alega auto imunização (100 doses) com veneno de mamba, e posterior exposição voluntaria a uma picada verdadeira (de mamba, cuja DL 50 indica que mataria elefantes), com efeitos mínimos ...

'FREAKS', o antagonista assopra em minha orelha, 'NOT QUITE', assopra a outra metade do individuo sem certezas, que ao contrário daqueles jovens do IML teve a oportunidade de emplacar 52, ou seriam 53 anos ?

Tudo isso para chegar a uma questão: se o corpo cria, e sustenta níveis altos de anticorpos capazes de fazer frente a uma quantidade brutal de antígenos como aqueles dos venenos de cobra, haverá um dia vacina contra estas picadas ? Contra essa 'questão negligenciada de terceiro mundo' ? :  http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/01/preto-no-branco.html


E sigo pelo fascínio da imunologia. Escrevi há alguns dias que Denise Tambourgy, na esteira de Marco Stephano, identificou a proteína que responde pela ação imunossupressora no veneno da surucucu. Não se fala no assunto no Brasil até que haja a publicação do trabalho e a patente dessa proteína, com efeitos tais comparados por uma fonte à ciclosporina. Entendo o sigilo, há décadas de esforços e muito dinheiro aplicado e com retorno potencial em jogo, mas não entendo o porque da maioria dos especialistas brazucas não darem a minima para o baixo clero ao qual pertenço.



Sobre o tema acima, efeito imunossupressor no veneno da surucucu, enviei algumas perguntas aos quatro únicos cientistas tupiniquins que poderiam responde-las:

1) qual seria o sentido evolutivo de um componente desses na peçonha ? em se pensando peçonha como forma de dominação de presa, que utilidade teria um efeito imunossupressor (lento) no episódio agudo do envenenamento ?

2) como se quantificou, que testes foram usados, para a detecção da ausência de resposta imunológica de alguns dos cavalos inoculados ?

3) é correto pensar que a apoptose advinda dessa inoculação, mesmo em dose baixa, traria resposta imunológica voltada não só à toxina em si, mas também contra os tecidos minimamente destruídos, o que geraria algum pico, por exemplo, de anticorpos anti-DNA, ou anticorpos contra outros componentes intracelulares ?

4) nessa linha acima (3), não seria de se esperar que a quantidade de antígeno liberado pelas células mortas seja muito maior que pela toxina ?  o sistema imunológico foi iludido ? ou responde a outra agressão ?


Não obtive resposta, de nenhum dos quatro, nem mesmo aquelas monossilábicas de sempre.


Dean Ripa, incrédulo quanto a alguma ação imunossupressora no veneno da surucucu questionou minha postagem, dizendo: 'como nada disso foi verificado nos cavalos do Instituto Clodomiro Picado ?' (Costa Rica)

Não sei se os cavalos da Costa Rica reagiram de forma diferente. O que sei é que o time 'nata da nata' de Dr. José Maria Gutiérrez também trabalha em cima desse efeito do veneno da surucucu, como ele mesmo me disse ontem, e foi além, transformando minhas quatro perguntas em uma, e me conduzindo ao entendimento com a clareza e humildade (sim, ele perde tempo comigo) dos verdadeiros Mestres:


Hi Rodrigo:

There are proteins in snake venoms which induce some effects that do not play a role in envenoming. It is like a coincidental phenomenon not necessarily selected through evolution. In this case, I would bet that this imunosupressant protein has another role in envenming and exerts this effect on the immune system. There are several examples in venoms of this situation. For instance, it might well be a protein that interacts with receptors in cell mebranes and elicits intracellular effects which, in the case of lymphocytes, inhibits their activation. I am curious to see what kind of protein is this and what is its mechanism of action. Marco Stephano showed that the venom of Lachesis reduces the imune response against various antigens, for instance red blood cells. The reason why it would work in some species and not in others may have to do with specificity against receptors of some species. But all of this is mere speculation until the information is published or disclosed.

Best regards,

José María


Ou destrinchando:

1) existem proteínas nos venenos que não tem função ('play a role') nos eventos do envenenamento em si

2) nem todos os fenômenos evolvem ('are selected through') da evolução

3) 'eu apostaria que esse proteína teria outras funções que não as relacionadas ao sistema imunológico'


E assim pude seguir adiante, com outras novas perguntas em mim, e respeitando mais ainda aqueles viventes complexos da Serra Grande, para onde sigo de volta no dia 28 próximo, atendendo a uma reunião caída do céu recentemente e que pode garantir o futuro do Núcleo, para além da inercia dos burocratas. É Mateus 6 de novo em minha vida de homem sem fé:


25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
32 (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.