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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Fé no Medo e Ignorância


Quando terminava ontem o post das fasciotomias, falando da minha falta de saco 'em geral' - http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2012/06/fasciotomias-no-ofidismo-poucas.html - escutei que minha sogra estava chegando de Fátima, Portugal. Deve ter ficado emocionadíssima.

Semanas antes recebo de uma medica, uma chamada da própria Nossa Senhora de Fátima, conclamando a todos para vê-la chegando - ou baixando não sei - via internet, com data e hora. Falo sério:

De: Voz e Eco da Mãe Divina [mailto:acolhimento@fazendafigueira.org.br]
Enviada em: terça-feira, 22 de maio de 2012 06:19
Para: neydeXXXXX@gmail.com
Assunto: Transmissao ao vivo na internet da Apariçao de Maria em Portugal

Queridos Irmãos e Irmãs, Filhos e Filhas de Maria,

Que a Paz da Mãe Divina esteja com todos vocês neste dia!

Queremos comunicar a todos que, por um pedido específico da Mãe Divina, as Aparições que acontecerão nos dias 25 e 26 de maio, na cidade de Fátima, Portugal, serão transmitidas ao vivo, via internet, de forma livre para todos os irmãos que desejarem acompanhar este momento tão especial e esperado por todos.

Abaixo, segue um breve texto explicativo sobre os passos a seguir para acessar a transmissão, que estará disponível na página www.divinamadre.org/aovivo  a partir das 16h30 dos dias 25 e 26 de maio, até o término da reunião, no fuso horário de Portugal.


Para os irmãos e irmãs que estão no Brasil, a transmissão estará disponível a partir das 12h30, no horário de Brasília, devido à diferença de fuso horário.

Informações técnicas

O endereço de acesso para assistir a transmissão pela internet é:

www.divinamadre.org/aovivo

Para saber se  seu computador e seu navegador estão em condições de acessar a transmissão, antes dos dias das Aparições, indicamos acessar um endereço na internet para fazer um teste. Visite o endereço abaixo:

http://www.viaeptv.com/epnoticia/noticias/NOT,4,225,390486,Suposta+aparicao+de+Nossa+Senhora+atrai+15+mil+em+comunidade+espiritual.aspx

Quando acessar este endereço, experimente clicar no botão “play” dentro do quadro do vídeo. Se puder assistir as imagens e escutar o áudio, o teste foi bem sucedido.

Para assistir a transmissão das Aparições, pode-se utilizar qualquer navegador, tais como Internet Explorer, Firefox, Google Chrome ou Safari, além de qualquer outro dispositivo como iPad, e outros tablets, i-Phone, Smartphone, Blackberry e outros.

A velocidade mínima de acesso recomendado é de 1Mbps, que todos conhecem como 1 Mega. Recomendamos o uso de um computador moderno, com navegador atualizado e com o programa de vídeo Adobe Flash Player.

Para mais informações, escreva para:

suporteaparicao@gmail.com


Que nestes próximos dias de Aparições, possamos estar todos unidos em oração, junto a Nossa Mãe Divina, independentemente do lugar no mundo onde nós estejamos.

Que a mensagem de Maria, Mãe da Divina Concepção de Trindade, possa tocar nossos corações e transformar nossas vidas em Espelhos de Paz e Harmonia, atributos que deveremos irradiar para todos aqueles irmãos e irmãs que encontremos no caminho, através da oração sincera.

Unidos ao Imaculado Coração de Maria, saudamos a todos fraternamente.

Paz

Equipe da Voz e Eco da Mãe Divina





Observo que o email acima partiu da Fazenda Figueira, associada a Trigueirinho. Muito do meu suor está na sua sede de trabalhos de Nazaré Paulista, que ajudei como trabalhador braçal a construir. Guardo dele a imagem de um homem bom. Mas divergimos.

Na minha convicção sincera, tudo o que foi montado no entorno das 'Aparições de Fátima' é, no melhor cenário, um grande equivoco transformado em caça niqueis, e no pior, infanticídio doloso, com os agravantes do motivo torpe - dinheiro e intenção deliberada de iludir - sem chance de defesa para as vitimas. Um texto fundamental para a compreensão da questão é o livro "Fátima nunca mais", do Padre Mario de Oliveira, de Porto, Portugal, do qual faço uma breve edição livre :

"Em Fátima, como em qualquer outro santuário ou templo, é preciso inquirir, com humildade e a toda a hora, que Deus é que lá está a ser invocado e cultuado. 

Duas crianças que morrem e uma terceira que sobrevive, mas é retirada da sua terra e para sempre impedida de levar uma vida em tudo semelhante à das outras pessoas (primeiro, internaram-na, secretamente, no Asilo de Vilar, no Porto, e, depois, mandaram-na para Espanha e fizeram dela freira de clausura para o resto da vida, situação que, 76 anos após os acontecimentos de 1917, ainda se mantém!), eis o principal balanço das chamadas Aparições de Fátima. Provavelmente, nunca ninguém da Igreja católica ousou olhar as aparições sob este ângulo. 

Eram os tempos da Primeira Grande guerra. Mas o terror que se respirava, nomeadamente nos meios populares e rurais, não vinha apenas daí. A catequese familiar e paroquial, mais as pregações dominicais e outras, então, muito requentes, constituíam um género de terror não menos intenso e, também, não menos nefasto e assassino. Porque incidia sobre a consciência das pessoas, especialmente, das crianças, pequeninos seres indefesos e carregados de sensibilidade, prontos a acreditar em tudo quanto lhes dissessem os adultos, pais e mães, e ainda mais, bispos e párocos, cuja palavra era, miticamente, escutada e seguida, como se fosse a própria vontade de Deus, presente no meio do povo.

Percebe-se bem que o terror é uma constante nas vidas destas três crianças. Vivem apavoradas com o pecado, com o inferno e com os pecadores que vão, aos magotes, para o inferno. Tudo para elas é pecado. Até dar um beijo a outra criança, no jogo das prendinhas.

Dar um beijo, para a Jacinta, por exemplo, só se for a Nosso Senhor, na imagem do crucificado. Como se uma outra criança, companheira de brincadeira, não fosse muito mais imagem dele, mas apenas e só ocasião de pecado. (Quem despertou uma visão tão moralista, na pequenina e angelical Jacinta? Que satânica catequese lhe distorceu tão gravemente o olhar? Quem lhe tirou, tão precocemente, a naturalidade?).

Depois, tudo pode levar ao inferno. Deus, aos olhos destas crianças, está já tão cansado com os pecados das suas humanas criaturas, que a sua ira está a ponto de atingir os limites. E só não o fará, se elas aceitarem sofrer-sofrer-sofrer, fazer toda a espécie de sacrifícios por amor dEle e pela conversão dos pecadores e, ao mesmo tempo, rezarem muitos terços.

Ora, como não podia deixar de ser, as crianças que recebem toda esta informação - sensíveis e indefesas como só elas são - sofrem, choram, têm pena de Nosso Senhor. E começam a pensar em assumir-se como vítimas, até à morte, para desagravarem a Deus e, de alguma maneira, forçarem-nO a perdoar aos pecadores. Ficam completamente possuídas por uma mística da morte, uma mística sacrificial, que diz bem com um Deus que se alimenta de gente, em vez duma mística de vida, a única que o Deus de Jesus pode inspirar aos seus filhos e filhas, já que Ele próprio é um Deus que trabalha continuamente para que todos tenhamos vida e vida em abundância.

Viver, num clima de religiosidade assim, tornou-se uma verdadeira tortura. Pelo menos, para estas três crianças aterrorizadas, que sempre levam tudo tão a sério. Tornou-se também um terrível risco. O risco de vir a ser condenado ao inferno. Bastava fazer algum pecado. E o pecado, para elas, era, por exemplo, dizer palavras feias, ou cometer pequenas traquinices. O bastante para poder ser condenado ao inferno, descrito por elas próprias em imagens, as mais terríficas. Nunca mais, então, estas crianças puderam sentir vontade e disposição de fazer sacrifícios pelos pecadores. O inferno era, afinal, a grande ameaça para todos. E o que, com mais probabilidade, poderia acontecer a qualquer um. E, para os pecadores, mais do que ameaça, era já uma certeza.

Num clima assim, de religiosidade verdadeiramente esvaziada de Evangelho, pior, contra o Evangelho, não é de estranhar que o desejo maior destas rês crianças fosse ir para o céu. Porque essa seria a única maneira de não chegarem a cair no inferno, onde quem lá caísse ficaria, para sempre, a arder na imensa fornalha de fogo que ele era, e na companhia de animais, os mais asquerosos e horrendos.

Por isso é que, num ambiente assim, de verdadeiro terror teológico, o que mais espanta e escandaliza a quem, hoje, procura ser discípulo de Jesus e deixar-se fazer pelos valores do seu Evangelho libertador, é que aquela Senhora que as crianças dizem ver e ouvir, aos dias 13 dos meses de Maio a Outubro de 1917, apesar de se dizer vinda do céu, isto é, de Deus, não tenha aparecido para as libertar do medo e convidá-las à alegria de viver. Pelo contrário, começa por lhes anunciar, às duas mais novinhas e também mais aterrorizadas, que brevemente as vai levar para o céu, maneira eufemista de dizer que elas vão morrer antes do tempo.

Em lugar da boa notícia libertadora de que Deus quer que elas vivam e vivam em abundância, anuncia-lhes que vão morrer brevemente. No fundo, limita-se a reproduzir e a autenticar a catequese terrorista e negadora do Evangelho que as crianças constantemente ouviam em casa e no templo paroquial.

Mas o mais chocante estava ainda para acontecer. É a própria aparição que, em Julho, durante a conversa que mantém com elas, mostra às três crianças o inferno. E a impressão que lhes causa é tal, sobretudo, à Jacinta e ao Francisco, que bem se pode dizer que os dois irmaozinhos, de tenra idade e de saúde manifestamente debilitada, nunca mais se recompuseram desta visão terrífica e acabam por morrer de susto. Também da fraqueza que, entretanto, se apoderou irreversivelmente dos seus corpos, uma vez que tanto ela como ele, desde então, nunca mais conseguiram ser crianças como as outras, nunca mais conseguiram brincaram descontraídas, nunca mais conseguiram encarar a vida como crianças saudáveis (o Francisco, por exemplo, até deixou de ir à escola; em vez disso, preferia esconder-se na igreja, a rezar pelos pecadores!), e nunca mais se alimentaram convenientemente.

Em todos os momentos, a partir daquele dia, a visão do inferno persegue as duas crianças, aterroriza-as, obriga-as a rezar pelos pecadores, e força-as a fazer sacrifícios pela conversão dos pecadores. O livro das "Memórias" de Lúcia testemunha que os dois irmaozinhos eram capazes de passar dias inteiros sem comer, davam a merenda às ovelhas, não bebiam ponta de água, mesmo em pleno mês de Agosto, andavam todo o dia, e mesmo durante o sono da noite, com uma corda permanentemente amarrada à cinta, até fazerem sangue.

Nesta caso de Fátima, em vez de Deus ser aquele que vem, como companheiro e pai com coração de mãe, consolar as crianças e libertá-las do terror e do sofrimento em que uma catequese sacrificial e sádica as condenou a viver, são as crianças que O consolam a Ele e se imolam para conseguir que Ele, à vista do sofrimento delas, vítimas inocentes, contenha a sua ira e desista de dar cabo das humanas e pecadoras criaturas. Ou seja, reduzem-se, para que Ele cresça. Numa liturgia tipicamente sacrificial, mas também verdadeiramente repugnante que, quando acontece, é sempre um insulto ao Deus de Jesus e, simultaneamente, uma das principais causas que explicam o desenvolvimento do ateísmo no mundo.

Trata-se duma teologia sobre um Deus que ainda continua aí como o Deus de muita gente, mas que tem tudo a ver com um ídolo devorador de pobres, bem pior do que algumas das suas criaturas, um Deus à imagem e semelhança dos verdugos que só sossega a sua ira castigadora e destruidora, diante do sangue, muito sangue, de vítimas inocentes, um Deus justiceiro, verdugo, sanguinário, um Deus contra o homem/mulher e sem entranhas de misericórdia, tirano e déspota, um Deus intrinsecamente perverso, a quem é preciso apaziguar e cujo braço justiceiro está aí pronto a cair sobre a Humanidade, o que só não aconteceu ainda, porque, felizmente, temos junto dEle uma criatura, a mais santa de todas e, ao que parece, mais misericordiosa do que Ele, a Senhora do Rosário, de seu nome, que tem conseguido sustê-lo.

Mas ela própria está a ponto de não poder aguentar mais a fúria e o ódio dEle contra a Humanidade pecadora e, por isso, decidiu sair do céu até á terra, mais concretamente, a Portugal, onde alguns anos antes, por coincidência, se instaurou uma República maçónica e ateia, para pedir a três inocentes crianças que a ajudem nesta ingente tarefa.

"Quereis - disse-lhes, logo na primeira aparição que lhes fez - oferecer-vos a Deus, para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?"

As crianças, educadas numa catequese sacrificial e terrorista, disseram que sim. E, como elas, ainda hoje muita gente continua a dizer o mesmo a um Deus assim. Só quem não queira ver, é que pode ignorar que, em Fátima, o Deus que mais é procurado pelas pessoas que sofrem doenças e aflições de toda a ordem, é um Deus assim. Um Deus que nos apavora, nos inspira medo, nos castiga, nos dá e tira a vida, conforme o humor de momento. Um Deus que exige sacrifícios humanos, que todo se compraz em ver os pobres autoflagelarem-se, numa imolação que pode ir até ao limite das forças e da vida. Um Deus à revelia do Evangelho, com mais de demónio do que de Deus, que, desde os alvores da Humanidade, tem habitado o nosso inconsciente colectivo e onde, manifestamente, ainda não chegou a boa nova libertadora de todo o medo, que é o Evangelho de Jesus.

A Igreja católica que, desde a primeira hora, tem gerido Fátima, ainda não foi capaz de evangelizar Fátima. A valer. Pelo contrário, tem parecido mais interessada em aproveitar-se sacrilegamente do fenómeno. Talvez porque ele, como diz a publicidade do totoloto, é fácil, é barato, dá milhões. E garante elevadas estatísticas, na hora de contabilizar os católicos portugueses, o que dá muito mais poder reivindicativo à respectiva hierarquia, frente ao poder instituído.

Do Deus de Fátima, livra-nos, Senhor ! "

Confira o depoimento do próprio Padre Mario de Oliveira, com setenta e poucos anos e incorruptível: http://www.youtube.com/watch?v=28JtHjGuq_w&feature=related

Isto posto, retomando a linha da falta de saco "em geral" - algo que pode ou não ser doentio - lembro-me de que a terapeuta da minha esposa chorou de emoção quando viu o Papa.

Cara a cara com Ratzinger, teria o impulso de agarrá-lo pelo gogó e perguntar: "porque um gangster como o cardeal Tarcísio Bertone te tem na mão ? porque não aceitar o incontestável relato do Cardeal Carlo Maria Vigano sobre a atuação criminosa de Bertone nas finanças do Vaticano ? e mais, tendo filhos pequenos e convivendo como medico com os horrores do molestamento sexual infantil, perguntaria: porque prestigiar um comprovado acobertador de pedófilos como o Cardeal Bernard Law, e porque você não deteve os Reverendos Molestadores Lawrence Murphy e Marcial Maciel quando pôde, seu filho da puta ?" E talvez neste momento chorasse, de raiva.

Mas essa gente continua mais forte que nunca através do medo, como nos alerta Mario de Oliveira ao escrever sobre Fátima. Somente o medo é capaz de manter cativa gente adulta, saudável, num cabresto tão absurdo quanto esse do enredo católico, e o que é pior: tentando replicá-lo. Para ser salvo, meu filhinho Luca tem sido levado ao Catecismo "Oficial", onde aprende que Deus teve um filho, que nasceu de uma virgem, para morrer por nós e nos salvar da danação eterna, do fogo do inferno e etc. A mesma chantagem, a mesma tortura cretina. Ontem Jacinta, Francisco e Lucia, hoje meu filho Luca.

Enquanto isso, o "Catecismo do Papai" - minha reação - foi censurado, banido da biblioteca do Colégio Loyola de Belo Horizonte, onde estudam meus filhos:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/01/fundei-uma-religiao.html

Escrevo para lembrar a mim mesmo que minha impaciência às vezes procede, e para lembrar a meus filhos do "Vós sois Deuses"

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