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domingo, 29 de julho de 2012

"Você fala com cobra ?"



Melhor seria perguntar: "cobra fala ?"

A resposta é sim, e abordaremos aqui um pouco da linguagem corporal ("fala") em Lachesis.

Começo por onde o problema é certo (clique sobre a imagem): o animal abaixo é da Paraíba, e foi fotogrado pelo Wilianilson Pessoa, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

O que a cobra fala aqui é: "SAI FORA, AGORA, NEM UM MILIMETRO MAIS PERTO"


Batimentos de língua lentos, muito lentos, 30 ou menos por minuto, significam eminencia de bote. Com a língua, o animal está captando partículas no ar e levando-as ao órgão de Jacobson no céu da boca, uma via direta para o cérebro do animal, onde ocorrerá o processando dos odores. Juntamente com a fosseta loreal, sensível a variações de temperatura de até 0,04 °C, temos aqui dois equipamentos que permitem à surucucu caçar ratinhos, à noite, no solo alagado da Mata Atlântica, ou desfazer este duplo S em fração de segundos naquele que invade seu espaço de conforto. Quem é do mato sabe: 'surucucu não erra nem desperdiça bote'  


The Atlantic Bushmaster in Serra Grande, in ethical confinement. The animal is considered 'Vulnerable', by the International Union for  the Conservation of Nature, in Rio de Janeiro and Minas Gerais states it might be already extinct
O comportamento na foto inicial pode seguir-se desta demonstração acima, quando o animal, numa tentativa final (antes do bote) de afastar o perigo, aciona o 'efeito gular', que é inflar o papo com respiração ruidosa, como se dissesse: "DAQUI PARA FRENTE FECHOU O TEMPO"

Esta imagem pode vir a ser a sequencia das duas primeiras (foto minha, Itacaré, BA), só que com o animal já se levantado do solo, em 40, 60, 80 cm. É daqui que surgiu o mito popular que 'surucucu fica em pé na ponta do rabo'. É o pior cenário para quem encurralar este animal. Surucucu em Tupi Guarani significa 'aquela que dá botes sucessivos', o que de fato pode vir a ocorrer, se a fonte térmica mante-se além no perímetro de conforto do animal. Assim, o que a cobra fala aqui é: "VOU TE AFASTAR AGORA, CUSTE O QUE CUSTAR" (1,2, 3 botes em sequencia rápida).  



Na sequencia das 'falas' de Lachesis, uma que realmente chega aos ouvidos. Há uma escama adaptada na ponta da cauda de Lachesis, que quando vibrada contra o folhiço da Mata, emite o ruidoso alerta, em alto e bom tom: "Estou aqui, não me pise....".

 Daí as primeiras nomenclaturas de Lachesis... o Crotalus mutus de Linnaeus. Confira abaixo...



                               



 Resta apenas agora aquele momento em que a cobra não está 'falando', mas 'pensando': "DEIXA EU FICAR QUIETA AQUI QUE QUEM SABE ESTE BICHO GRANDE NÃO ME VÊ... " É a imobilidade confiando na camuflagem, confira abaixo.




É assim portanto que um réptil, ao contrario dos humanos, expressa claramente seus sentimentos, e os movimentos por vir.




14 comentários:

  1. Enfim, fala !!!!
    Fala claramente . É só estar atento à linguagem .

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  2. Postura claras para quem entende a linguagem.
    Bem didático , se der tempo de ler a "fala" , e o medo não deixar a gente sem ação ou cego de pavor, pode ser que passamos bem por um encontro .

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  3. Frases fortes e de efeito dessas surucucus...rs

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  4. Gostei demais das 'falas' das surucucus .

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  5. A surucucu que te picou, enrodilhou e fez o levantamento do solo antes do ataque , ou nada está enfraquecida pra tanto ... O instinto dela fez que atacasse o algo estranho invadindo o espaço dela...
    Ou vc nem viu , focado q estava em salvá-las com urgência da intoxicação ?!

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  6. caminhava entre varias, em diversos procedimentos, quando uma delas, por desorientação termo sensorial pela minha proximidade desferiu um bote violento sem enrodilhar-se, com corpo alinhado; poucos dias depois, no mesmo recinto, vi uma das cenas que mais me assustou nestes anos todos, um outro animal, tambem em recuperação, muito fraco e provavelmente muito irritado pelo mal estar e excesso de manipulação, e tambem com o corpo alinhado, elevou do solo toda a porção cervical, uns 40-50 cm, e fez menção de vir para cima, mas sem forças desabou, contudo, a intenção estava lá, o que me assustou foi 'a raça'

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  7. Bom .
    Ótima análise e observação.
    Essas surucucus são excepcionais mesmo.
    Energia e defesa até o fim. Que não foi o fim mas passou perto

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  8. há uma postagem nova baseada nessa sua indagação, obrigado pela força

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  9. Eu que me divirto e aprendo com seus links .
    Obrigado você.

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  10. Ainda hoje você é chamado para fazer resgates de cobras?
    E os filhotes que nascem no cativeiro, em algum momento poderão ser devolvidos à Mata?
    Seu plantel é para pesquisa e com planos de futuramente ( com maior número de animais no plantel ) serem relocados à natureza ?
    Eles saberiam sobreviver fora do cativeiro ,
    Já tiveram alguma experiência em readaptar algm à Mata ?

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    Respostas
    1. Sim, somos chamados a todo momento, para resgates de todo o tipo de animal. Reintrodução em areas protegidas é uma de nossas metas futuras, após garantirmos um banco genetico estavel e confiavel, no momento é plantel minimo e fragilissimo. Relocamos dezenas de surucucus selvagens, mas tivemos problemas com donos de terra, e não se pode ameaçar populações estabelecidas com abrupto aumento de invididuos. Reintrodução bem sucedida é tarefa complexa e multidisciplinar. Temos grandes viveiros para testar aptidão de caça, mas é via telemetria que poderemos avaliar sobrevida e adaptação de animais nascidos em cativeiro e liberados em areas protegidas.

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  11. sim, necessariamente, Greene e santana já fizeram na decada de 80; muito dificil captar um animal que vive quase que de forma fossorial, mas é necessario localizar quem foi liberado, dominar os conceitos de territorio e etc, processo complexo e multidisciplinar

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