Custei a entender que Lachesis não era Bothrops grande. O gênero é ode adaptativa ao ambiente frio da mata primaria.
Tubo digestivo gigante, digestão lenta por baixo metabolismo/catabolismo nas baixas temperaturas. Aprendi que estes gigantes preferem alimentar-se de presas pequenas, de até 280 gramas.
Observei que para não acelerar o metabolismo, surucucus só tomam os primeiros raios de sol do dia, e assim, não toleram recintos com temperatura superior a 28° C. Presas grandes e muito calor é igual a uma bomba pútrida precocemente se distendendo num trato digestivo anormalmente longo, adaptado ao frio, e que tenderá a promover regurgitação defensiva.
O rato-paca, favorito de Lachesis na natureza, bicho de 200 gramas. Ofereça ratos maiores, e exponha as cobras a altas temperaturas, acima de 28° C e vai perder todo o seu plantel por lesão esofagica por regurgitações, como quase aconteceu comigo no inicio
Todas as Lachesis do NSG caçam presas vivas* de duas (inverno) à três (verão) vezes ao mês, em recintos grandes (até 40 mts quadrados), com muitos pontos de fuga e ocultação para os ratos. Talvez por isso não existam cobras obesas e letárgicos no NSG.
*Observação: oferta de animais vivos só até 2013, à partir daí passamos a oferecer ratos abatidos, congelados por 3 meses, tendo em vista controle parasitário e eliminação da questão 'dor' para ratos oferecidos
A tática do bote alimentar é sempre a mesma: strike-hold, tirando a presa do chão, e com injeção direta de peçonha dentro de coração-pulmão.
Outra adaptação para que não haja necessidade da missão impossível de rastrear uma presa por dezenas de metros, no solo alagado da Mata Atlântica primária.
Outro hábito interessante de Lachesis, é o de banhar-se na chuva, talvez pelo resfriamento causado, e por liberar mudas parciais de pele. No NSG são observadas saindo das tocas quando chove. Noite chuvosa sem lua, é noite de Lachesis exposta na floresta.
Abaixo dois filhotes, gloriosos na alta umidade ...
Concluindo, uma pequena revisão da adaptação à alta umidade e clima frio da mata: 1) longo tubo digestivo, pela digestão lenta pelo baixo catabolismo induzido pela baixa temperatura ambiente, e pelo fato da peçonha não ser tão proteolítica quanto a de Bothrops por exemplo, que se frita ao sol; lembrar da função digestiva do veneno 2) preferencia alimentar por animais pequenos, pelos mesmos motivos acima 3) banhos de sol em momentos de baixa irradiação no "primeiro sol da manhã", pelos mesmos motivos acima 4) strike-hold alimentar, para que a presa não se perca em solo alagado, onde detecção termo-sensorial fica impossibilitada, e finalmente 5) a rugosidade da jaca na pele da 'surucucu pico-de-jaca', como hiperqueratinização para aumentar a resistência ao ataque de fungos e
bactérias comuns ao ambiente úmido, também conferindo à pele de Lachesis função escavatoria: roçando o corpo contra as paredes por dias a fio, elas alargam os buracos de paca e tatu, criando 'salas' onde colocarão os ovos. Muita terra do dorso, como abaixo, indica trabalho de lixa, e romance.
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É meio complicado ver um animal destes em meio as folhagens do cacaueiro... Em Terras do Sem Fim o Jorge Amado já vinha dizendo isto na derrubada da Mata do Sequeiro Grande. Daí fale menos e escutemos mais nestas matas...
ResponderExcluirÉ texto científico com direito a poesia ... Lachesis adoram chuva, tempo frio, romance nos buracos de tatu , Solzinho da manhã...c Fala sério todo mundo qie é meio Lachesis é interessante
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