Recebo três perguntas de Sudamerica, uma sobre a questão da sinonímia Lachesis muta muta e Lachesis muta rhombeata em Lachesis muta, outra, de como é esta alegada variação morfológica entre rhombeata na Bahia, e por fim, sobre a alegada variação morfológica ente Lachesis muta muta e Lachesis muta rhombeata.
Sobre a sinonímia, já escrevi a respeito, e apresento neste mesmo link os quatro trabalhos fundamentais à compreensão do tema:
http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/02/questao-da-subespecie-cascata-das-racas.html
Para falar com segurança sobre Lachesis, também a respeito da sinonímia, é necessário ler o que Ripa tem a dizer:
http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/01/os-essenciais-4-dean-ripa.html
http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/03/vanzolini-garcia-ripa-e-acrochorda.html
E é importante ler o que Vanzolini me ensinou:
http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/01/os-essenciais-7-paulo-emilio-vanzolini.html
QUANTO À SEGUNDA PERGUNTA, a resposta é sim. Existem duas Lachesis muta rhombeata no Sul da Bahia, nomeadas ancestralmente pelo povo como "a amarela", e "o apaga-fogo" ou "vermelha", esta ultima de pior fama, e considerada como a surucucu que vai atacar a fonte térmica luminosa nas mãos de um homem na mata à noite. Exagero ? Aumente o som:
Ainda sobre a fama destas cobras, um relato de fonte mais que respeitável:
"Quando procurávamos na mata, cipó para amarração dos novos ranchos, matamos uma surucucu-de-fogo. É a cobra mais temida do Brasil! Seu nome varia de acordo com a região. Na Bahia, por exemplo, é conhecida como surucucu-pico-de-jaca; no Pantanal, como surucucu-do-pantanal e, nas zonas florestais, como surucucu-do-mato-virgem. É grande, quase dois metros e meio, feia, escamas como as de jaca e, quando enraivecida, avança. É na realidade a única cobra venenosa que avança" (Claudio e Orlando Villas Boas em "Marcha para Oeste").
Confira: http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/01/surucucu-orlando-moral-e-misterios.html
Deve ser este o bicho que "atacava fogueiras", do exagerado (?) relato coletado por Von Martius e Spix, ou do texto de John Manley, "Snake's antipathy to fire", Pernambuco, 1851, visualizável aqui:
http://www.lachesisbrasil.com.br/download/BulChicagoHerpSoc_Vol42Num7pp105-115%282007%29.pdf
Dean Ripa me disse que POR VIA DAS DÚVIDAS, em certas áreas não fica perto de fogueirinha de acampamento à noite. Eu também não.
Sobre a terceira pergunta do Professor, sobre o que realmente difere o bicho da costa Atlântica e Mato Grosso, daquele do norte do Rio Amazonas, há outras características (vide email de Vanzolini, acima), mas acho que dá para falar DE LONGE, quem é quem pelas marcações de cabeça.
A escandalosa diferença de cabeças de muta muta acima, e muta rhombeata abaixo: arabesco do topo bem marcado em rhombeata, fraco em muta muta, facha pós-ocular grossa em rhombeta, fina em muta muta, facha pós-ocular branca sobreposta à negra em muta muta, facha pós-ocular unica em rhombeata. Coloração mais viva em rhombeata, mais pálida em muta muta. Muta muta clicada por Matt Harris, Rhombeata por mim. Confira o ponto de vista de Ripa, que não só sustenta a distinção sub especifica para Lachesis no Brasil, divergindo de Fernandes, 2006, como propões a ampliação da distribuição geográfica de rhombeata para o oeste brasileiro rumo ao Mato Grosso até a margem sul do Rio Amazonas: http://www.lachesisbrasil.com.br/download/DeanRipa-GeographicalDistribution.pdf ABAIXO, A 'VERMELHA', suja de terra, de tanto escavar, alargando as galerias de paca e tatu Sim, há função escavatória na hiper-queratinização do gênero |
Nenhum comentário:
Postar um comentário