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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os essenciais 5 - Dean Ripa





Dean Ripa, sempre remando contra a maré, em foto recente






Todo punheteiro dos anos 60 lia Carlos Zéfiro escondido. Me parece que toda 'a nata' da herpetologia lê Dean Ripa escondido, pelo menos ao Sul do Equador. Há uma uma especie de espirito de corpo pró-academia até mesmo nas prateleiras e citações. Como todo auto-didata, Dean é um outsider.

Uma destas divindades acadêmicas certa vez implorou sussurrante que eu solicitasse a Ripa uma cópia de um artigo seu sobre Bothrops leucurus, "o melhor" que este Ph. D. já tinha lido. Importante mencionar que este sujeito passou a vida em território de leucurus, e coleciona centenas delas em seus baldes de formol.

Dean Ripa é então o Carlos Zéfiro "da nata" dos herpetólogos tupiniquins.




A HISTORIA DE ANGELA



Se o assunto é Lachesis a coisa vira covardia. Ufanismos à parte, os americanos fizeram barba, cabelo e bigode em cima da gente: desde Boyle e cols., do Dallas Zoo na década de 80 com muta muta, à Dean nos dias de hoje com muta muta, stenophrys e melanocephala, eles apresentam consistência na difícil reprodução em cativeiro de Lachesis. Seguindo as pegadas de Boyle, o Núcleo Serra Grande foi o primeiro centro no planeta a reproduzir em cativeiro, varias vezes, a surucucu da Mata Atlântica.

A qualificação para conseguir-se consistência na reprodução em cativeiro do gênero, acabou por formar um clube pequeno e fechado com não mais que cinco sócios no planeta. Nenhum grande instituto brasileiro atingiu resultados sequer próximos dos nossos. Mais sobre 'o clube', abaixo:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/01/carl-gustav-jung-e-o-clube-da-surucucu.html

Também em nosso quintal (vales Inter-Andinos da Colômbia), Dean promoveu a ressurreição de Lachesis acrochorda em 2003, primeiramente descrita por Garcia em 1896, e esquecida no tempo na vala comum com muta muta.



Lachesis acrochorda (Garcia, 1896 - Ripa, 2003)


Acontece que entre os que se acham grandes há eventualmente gente realmente grande, com pouco tempo para vaidade. Entre eles Zamudio e Greene. Num trabalho histórico que pode ser visto em links e downloads na pagina do NSG, estes cientistas analizam o DNA mitocondrial de Lachesis, para concluir pelo nível especifico para stenophrys e melanocephala, separadas desde sempre pela Cordilheira de Talamanca na America Central,  e deixando muta muta e muta rhombeata para aqueles que vêem aqui alguma utilidade taxonõmica (e não biomolecular) na distinção sub especifica para as Lachesis da da America do Sul. Saiba porque esse trabalho consagra Dean Ripa, lendo seu Abstract, abaixo:

BUSHMASTER SYSTEMATICS K. R. Zamudio and H. W. Greene [1997, Biol. J. Linnean Soc. 62:421-442] used mitochondrial gene sequences to reconstruct phylogenetic relationships among subspecies of the bushmaster, Lachesis muta. These large vipers are widely distributed in lowland tropical forests in Central and South America, where three of four allopatric subspecies are separated by montane barriers. Their phylogeny indicates that the four subspecies belong to two clades, the Central American and South American lineages. They used published molecular studies of other taxa to estimate a “reptilian mtDNA rate” and thus temporal boundaries for major lineage divergences in Lachesis. The authors estimate that the Central and South American forms diverged 18– 6 million years ago (Mya), perhaps due to the uplifting of the Andes, whereas the two Central American subspecies may have diverged 11– 4 Mya with the uprising of the Cordillera de Talamanca that separates them today. South American bushmasters from the Amazon Basin and the Atlantic Forest are not strongly differentiated, perhaps due to episodic gene flow during the Pleistocene, when suitable habitat for this species was at times more continuous. These results agree with previous evidence that genetic divergence among some Neotropical vertebrates predated Pleistocene forest fragmentation cycles and the appearance of the Panamanian Isthmus. Based on morphological, behavioral, and molecular evidence, the authors recognize three species of Lachesis. In addition to L. muta, the widespread South American form, the Central American forms are treated as distinct species (L. melanocephala and L. stenophrys), each deserving of special conservation status due to restricted distribution and habitat destruction. This study confirms ideas put forth earlier by Dean Ripa [1994. Reproduction of the Central American bushmaster (Lachesis muta stenophrys) and the black-headed bushmaster (Lachesis muta melanocephala) for the first time in captivity. Bull. Chicago Herp. Soc. 29(8):165-183].

Para avaliar este trabalho histórico, na integra, acesse:

http://www.lachesisbrasil.com.br/download/Lachesis%28Zamudio-Greene%29.pdf


Ou seja: sem tecnologia, baseado em observação, perspicácia e paixão, Dean Ripa chegou bem antes às conclusões de Zamudio e Greene, abrindo o caminho, 'carrying the torch', como reconhecem estes dois grandes autores.


Também em links o downloads da pagina do NSG, é importante ler o primeiro capitulo da ultima edição do livro de Ripa sobre Lachesis: "Bushmasters - Morphology in Evolution and Behavior", para entender-se entre outras coisas, o porque dele ser contrario à sinonimia muta muta x muta rhombeata, em muta. Dean propõe nova 'range distribution' para rhombeata, para além no norte no Mato Grosso. Confira na integra: 

http://www.lachesisbrasil.com.br/download/DeanRipa-GeographicalDistribution.pdf

Outra briga de cachorro grande.

Dean esteve aqui no NSG em 2005, em épocas em que eu era tratado como um marginal pela mesma academia que finge ignorá-lo. Não tenho como agradecer por tanta ajuda desde então, contribuições decisivas para o sucesso reprodutivo dos dias de hoje.

Dean arrombou a festa. Forçou-se a ser ouvido à despeito da falta de títulos acadêmicos e afiliações. Conquistou credibilidade com uma vida de dedicação ao Gênero. Uma vida e várias quase-mortes: foi picado cinco vezes por surucucu.



Na ultima picada, agonizando em North Carolina, mas sobreviveu e mais uma vez comtribue no aftermatch para entendermos melhor esta gravissima intoxicaçao




Tenho para mim que ele é mais um escritor que mexe com cobras, que um criador de cobras que escreva. Herança dos Beats, Burroughs e Kerouac, amigos pessoais. Daí seu texto ser único, recheado de literatura e historia, ironia, agilidade e ineditismo hands on. Imperdivel e essencial.


Leia tambem:


http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/03/vanzolini-garcia-ripa-e-acrochorda.html

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/10/os-primeiros-10-minutos.html



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