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sábado, 12 de outubro de 2013

Sobre o o extrativismo de colarinho branco, as 400 lachesis mortas, e outros causos medonhos


Já fui acusado de 'venda de veneno' por um grande da herpetologia nacional, mas a verdade é outra
http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/01/os-essenciais-6-argolo-anibal-marcelo-e.html 

Sexta feira, 30/10/2009. Hotel Casablanca, Itabuna, Bahia. Na mesa do café da manhã, e ao lado da minha fonte insuspeita, dois figurões e uma figurona, do Instituto Butantã, discutem alegremente como conseguir guias de transporte animal falsas, para a esquentar a carga ilegal que rumava para São Paulo e que os aguardava no quarto: veneno de surucucu (extração não autorizada pelo Ibama / ICM Bio, realizada na antiga Mãe Joana, a CEPLAC*), sapos e girinos, talvez cobra viva. Extrativismo ilegal do colarinho branco.

*Dras Aline e Samanta, do Núcleo de Fauna do Ibama, Rio Vermelho, Salvador, e Dr. Djalma N. Ferreira (Ibama PNUD) botaram fim à farra. Menos munição para os inimigos, que procuram desde sempre associar-me a todo o veneno de surucucu que surge 'do nada' no sul da Bahia.

Há outras formas de extrativismo na região, como o extrativismo de sobrevivência, legal e ilegal. Na ida para o trabalho em Serra Grande hoje, dei carona para Sinho. Pescador, forte, vinte e poucos anos. tem um irmão que parece seu gêmeo. "O senhor que gosta dessas coisas escute só ...". Sinho sabia de coisa que eu gosto de escutar (?), e prosseguiu (os parenteses com explicações são meus):

'Estávamos lá fora (pescando em alto mar com a jangada da Bahia, toras de madeira unidas, sem acabamento) quando ele (o irmão) deu de assoviar e eu disse: 'pare com isso'. Nessa época tem baleia e eu vi que estavam no pesqueiro. Assovio atrai elas. E ele não parava com aquilo. Só parou quando a primeira chegou junto. Aí ele parou e já chorando. E eu disse: 'não te falei, e agora ?' A jubarte vei chegando e eu ví o olhão desse tamanho assim, me encarando de lado. Depois passou por baixo e veio se coçar. Pensei: 'agora morro', mas piorou. Botou uma mão dentro da embarcação, que ficou de pé assim (explica que a jubarte repousou a beirada da nadadeira dianteira direita sobre a borda da jangada, elevando a outra extremidade, onde os irmãos estavam empoleirados, em quase 90° em relação à superfície do oceano). E aí foi só reza Doutor. Peguei com Deus e ela foi embora. Não sei se volto mais para o mar. Por mim nem ia, mas tem os meninos, o Senhor sabe ..."  Sinho acertou, isso é coisa que eu gosto de escutar, viajei.




Sinho e irmão representam o extrativismo legal de sobrevivência, duríssimo. Gilmar representa o extrativismo ilegal de sobrevivência. Voltava de Serra Grande hoje, quando o vi com essa Irara (Eira barbara) ou 'Papa-mel': uma fêmea amamentando. Pedi a foto, conversamos um pouco. 'Tem carne aqui' ele me disse feliz, rumando para casa. Eu, de barriga cheia, é que não vou fazer discurso. Mas posso empregá-lo se tudo der certo. Se Gilmar fosse pego nessa situação era cadeia. Se os figurões fossem interceptados no aeroporto, não tenho tanta certeza.




O extrativismo no NSG ainda não começou. Há a trilha da legalidade a percorrer. Por enquanto só aprendemos e ensinamos outros grupos a entender a surucucu, dentro e fora do Brasil, com frutos.

Nosso trabalho tem ajudado outros serviços, no Pará, Costa Rica, Venezuela e Colômbia, e por questão de segurança, é norma uma reciclagem contínua nos princípios básicos da lida com Lachesis.

Hoje abordaremos imobilização manual de Lachesis, o básico do básico. Essa reciclagem fica à cargo de quem mais entende do tema, professor José Abade. Para os videos abaixo fui escutá-lo, na quinta feira última, foi quando ouvi das '400 (quatrocentas) lachesis' ...






A imobilização manual de Lachesis não é simples, e é necessária no manejo, laço jamais. Já fiz o procedimento às centenas mas vou ver e rever esses videos por muito tempo.



 



Lachesis não sobrevive ao manuseio amador do traficante médio, desabastecendo a ponta. Esse e um dos motivos da sofisticação do trafico de Lachesis no Brasil; tem traficante capaz de produzir filhotes.

Enquanto finalizava esse texto recebi algumas imagens do Marcelo, que finalmente consegue viver de mergulho, e de uns poucos peixes, como essa garoupa excepcional, arpoada a 40 metros, em apneia e igualdade de condições. Extrativismo legal em estado de arte.
























































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