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OBSERVE POR FAVOR QUE A MAIORIA DOS LINKS SÃO AUTO EXPLICATIVOS, E CONTÉM INDICAÇÃO DE CONTEÚDO ANTES MESMO DE SUA ABERTURA: 1) SOBRE ...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pico do Inficcionado, Gruta do Centenário, Natal de 2011, Brasil


Inficcionado. Natal.  O Aniversariante frequentemente buscava as montanhas (Mt 14, 23 ;  Mt, 28, 16 ; Lucas 6, 12-13 ; Lucas 9, 28-29 ) ...

Pico do Inficcionado, casca grossa

... à caminho do Inficcionado, de olho no chão, lembrava-me de que a "Mãe dos Homens", transmitira a um dos Irmãos, uma mensagem dizendo que sob Sua proteção, não haveria gente picada por cobra no Santuário ...




... desta vez foi por pouco. Andando rápido na trilha estreita, Neneco passou sobre o animal sem vê-lo ou pisá-lo. Logo atrás, atento, já peguei o bote a caminho, tendo tempo somente de saltar sobre o bicho, no reflexo....





... cheguei ao Caraça na tarde da sexta, dia 23. Quartinho simples, uma cama, banheiro. Brandy espanhol, de Botton e Hitchens como companhia.  Lanternas carregando. Concentração ...





 O objetivo na tarde de Natal seria subir o Inficcionado, o que nunca é fácil, e também fazer os 482 metros da Gruta do Centenário - onde já houve acidentes graves, com gente experiente - conhecendo-a melhor antes de um retorno com meus filhos. E assim foi feito, em 11 horas de exercício físico ininterrupto: 3 1/2 horas para chegar ao cume, 1 1/2 hora para atravessar os 482 metros do Centenário, e os mesmos tempos para fazer a volta ao Santuário. 


Ser pego de surpresa por um aguaceiro ou uma 'cabeça d'água'  em alguns pontos do labirinto que é a Gruta (confira o segundo vídeo abaixo), pode resultar em grande dificuldade. Na quinta feira houve precipitação de até 120 mm de chuva, a cascata bruta descendo do Pico do Sol não deixava dúvida. A previsão para o dia da escalada, o Sábado, era de 2 mm de precipitação, com tempo nublado, fechado, sem chuva forte, sem sol forte: perfeito. Mas sabíamos que iriamos encontrar terreno escorregadio e friável pela frente. Separei estes registros abaixo (aumente o som) para mostrar um pouco do que se esperar ao adentrar o Centenário...









Para se ter a certeza de que os 482 metros do Centenário foram transpostos, ao final da travessia (que vale cada metro) é necessário dar de cara com a paisagem abaixo, a "Garganta do Diabo" vista por dentro, de sua base, na primeira foto abaixo. Do cume, a mesma "Garganta" é vista como na segunda foto, abaixo. A terceira e ultima foto é um momento Inficcionado, pedra respeitável.





Leia tambem:

sábado, 5 de novembro de 2011

Aranha marrom na área (aumente o som)



Abaixo Luquinha e Bibo em 2006, necessariamente safos - questão de sobrevivência - em meio a uma infância dentro da Mata Atlântica do Sul da Bahia:




No vídeo abaixo, o mesmo Luquinha seguro em seus passos, em meio a aranhas e matas, 6 anos depois ...






E um pouco mais de lembranças da uma infância abençoada de meus meninos .....












No link abaixo, Loxoscelismo: apresentação de um raro caso fatal:


http://www.lachesisbrasil.com.br/download/Learning%20to%20ask%20questions.pdf

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os Sete Picos do Caraça



"Quem quer que sobreviva a um teste, qualquer que seja ele, tem que contar a história. Esse é seu dever" (Elie Wiesel, em "Clube dos Sobreviventes", de Ben Sherwood, 2009)




Abaixo uma compilação prática da história construída entre 25 de junho e 30 de outubro de 2011, quando Luca e Gabriel Nogueira, 9 e 12 anos, tornaram-se oficialmente os mais jovens escaladores dos "Sete Picos do Caraça":  Pico do Sol (2072m), o Pico do Inficionado (2068m), o Pico da Carapuça (1955m), o Pico da Canjerana (1890m), Pico da Conceição (1800m), Pico Três Irmãos (1675m)  e o Pico da Verruguinha (1650m). Anexo guia meteorológico, dicas e regras de visitação aos Picos.


Sobre o INFICCIONADO :

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/06/inficcionado-brasil.html


Sobre o  INFICCIONADO com a GRUTA DO CENTENÁRIO:

Sobre o CANJERANA:

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/08/canjerana-brasil.html


Sobre o VERRUGUINHA e o CARAPUÇA:

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/10/verruguinha-e-carapuca-brasil.html


Sobre o PICO DO SOL, o CONCEIÇÃO e os TRÊS IRMÃOS (ou TRINDADE):

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/11/sol-conceicao-e-tres-irmaos-brasil.html


Sobre as travessias do 'Vale das Panelas' e 'Castatona-Fazenda do Engenho', pelo rio:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2016/06/vale-das-panelas.html

https://lachesisbrasil.blogspot.com/2012/07/sobre-opostos-diametrais_27.html

Sobre o 'oitavo pico', Capivarí ou Piçarrão:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2016/09/pico-picarrao-do-capivari.html

Sobre a 'Capela da Onça:

https://lachesisbrasil.blogspot.com/2016/12/capela-da-onca.html


Sobre METEOROLOGIA do Caraça:

http://freemeteo.com.pt/tempo/serra-do-caraca/actual-tempo/localizacao/?gid=3467115&language=portuguese&country=brazil


Sobre REGRAS e DICAS de visitação aos Picos:

http://lachesisbrasil.blogspot.com/2011/08/leitor-do-blog-comenta-e-pergunta-sobre.html


Para VISITAR o CARAÇA:

É só agendar com Aline, Fernanda e Geralda, com muita antecedência via email:

pousadadocaraca@gmail.com



Para visitar o Caraça tendo os 'Sete Picos' em mente, é necessária mais antecedência ainda nos contatos. Escaladas não são recomendadas de Dezembro a Janeiro (chuva, raios, pedra escorregadia, cursos d'água intransponíveis), mas existem janelas de tempo que podem ser avaliadas com os Guias de Pico:

JOÃO JULIO celular 031 96798965 e casa 031 32321889,  e NENECO celular 031 99699607 e casa 31 38093007.

CONFIE NO DISCERNIMENTO DOS GUIAS.



Conheça Padre Lauro:

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2011/04/os-essenciais-9-padre-lauro-palu.html


Conheça um pouco de primeiros socorros em caso de acidente com animais peçonhentos ...

http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2013/08/primeiros-socorros-aos-acidentados-por.html





"USE PERNEIRA DURANTE AS INCURSÕES, O RISCO DE PICADA DE COBRA É GRANDE"





quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Picos do Sol, Conceição e Três Irmãos, Brasil


Os "Sete Picos" acabaram por me mostrar de que matéria são feitos meus meninos. Como pai, as montanhas me trouxeram mais sossego interior. Ví Gabriel chamar para sí a responsabilidade nos momentos mais criticos, como um paredão de 80 graus de inclinação (onde eu tremi), transposto pela primeiríssima vez segundo o Guia Neneco, no flanco do Tres Irmãos. Ví Luca e seus 30 kg calar a bôca de todos - Guias experientes, hospedes que conheciam os Picos, familiares - e superar o Pico do Sol (26 km ida e volta) no Sabado, e os Picos Conceição e Três Irmãos, numa jornada de trinta e cinco quilometros, no dia seguinte.


Luquinha, concentrado

Minha função clara, depois de tudo o que ví, vivi, presenciei nos Picos, é somente ajudá-los a encontrar aquilo que amam fazer na vida. Capacidade de luta eles já tem.

Chegamos ao Caraça na sexta feira à noite, 28/10/2011. Vinha acompanhando as fortes chuvas sobre a região durante toda a semana, não sendo possivel prever de fato a viabilidade de escalar, ainda mais em se tratando do Pico do Sol, o mais alto da Cadeia do Espinhaço. É um pico em cuja rota rumo ao cume surgem cursos cursos d'agua, traiçoeiros (escorregam) com pouco volume, e intransponiveis sob chuva forte. Mas abriu-se uma janela de tempo no Sabado dia 29/10, e seguimos adiante guiados pelo querido NENECO.



Até ver o Pico do Sol é dificil, é este no fundão do vale. À esquerda a Cara do Gigante, à direita o Inficcionado, lá longe, no meio da imagem, o Sol, visto do Campo de Fora.



O Pico do Sol tem em seu caminho tanta variedade de deslumbres, que muito frequentemente nos esquecemos do coração saindo pela bôca. Interessante a exaustão fisica e suas imagens mentais. Luca lembrou-se "dos monges pegando fogo", aqueles do Viet Nan, tentando (com sucesso) vencer-se a sí proprio até o cume. Gabriel lembrou-se dos 'cordeiros virando leões' do Robin Hood, e seguiu superando tudo, moral da tropa nas maiores dificuldades.




Abaixo Luquinha em dois tempos fazendo seu caminho, inclusive por sobre a fenda que já interrompeu o 'passeio' de muita gente grande, segundo Neneco.....






...  alegria para nós é onça das grandes por perto, e o olho atento do Gabriel não deixou passar esta pegada, aumente o som...




... na abordagem final ao cume, honra e emoção, precedida de um lanchinho na Concha, abrigo natural dos montanhistas nas horas dificeis de frio e exaustão, raios e granizo...






... no cume do Sol, Gabriel recupera e reimplanta a antiga cruz, enquanto Luca se distrai no mijão....





... ainda no cume do Sol, aumente o som e escute o desabafo o Luquinha...





Descer o Sol doeu e muito, mas no caminho, coisas que fazem brilhar os olhos ajudavam na superação: a flor da Canela de Ema, a orquidea, a flôr da bromelia, a natureza se recuperando do fôgo recente.... .










Chegamos ao Santuario ainda com luz do dia. Banho demorado, jantar reforçado, e às 21 hs em ponto os meninos já estavam no Buteco do Caraça, "Doritos e Fanta", colhendo o respeito que conquistaram. A noticia se espalhou rapido... "...eles conseguiram, o Sol...". Conversavam de igual para igual com adultos tarimbados nas rochas, inclusive com a dupla que se prepara  para o Everest, amaciando as botas nos "Sete Picos".


Às 22 hs dentes escovados, pijama quentinho e cama. Conversamos um pouco sonbre as possibilidades do dia seguinte. Ficou combinado que seria uma decisão de todos. A depender do clima, e do estado fisico e psicologico da tropa, tentariamos o nosso sexto Pico: o "Conceição".


Antes de apagar Gabriel me vem com essa: "Papai, como é mesmo o nome do oposto de prejuízo ?"... "Lucro", respondo, ao que ele emenda: "Então nossa situação é assim: se não conseguirmos fazer outo Pico já fizemos o Sol, e se não der nem para sair de casa (chuva) estamos no Caraça, então qualquer coisa que acontecer já estamos no lucro...". Beijei os dois, apaguei as luzes, ví o momento exato em que cada um adormeceu profundamente, eu mesmo não acreditando no dia que tivéramos.


Domingo 7:00 da manhã, a esperada "Hora da Chapa"...






Tempo firme, barriga cheia,  Luca surpreende a mim e Gabriel: "Quero fazer os dois picos hoje Papai"... "Vamos conversar com Neneco e tentar o 'Conceição', e se voces realmente aguentarem e o tempo deixar, dele seguimos para o 'Três Irmãos'...."

O "Conceição" e os "Três Irmãos" são 'picos primitivos', nas palavras do mais antigo Guia de Caraça, João Julio. Por primitivos entenda-se o tôsco, o rude, o pouco visitado. Caminho pisados pela ultima vez a 30 anos, trilhas onde 'nem onça anda', segundo Neneco. Este picos são os senhores dos 'Campos de Fora'.




À esquerda o 'Três Irmãos', à direita o 'Conceição', vistos do portal do Pico do Sol, e entre eles a pouco visitada "Passagem" que inclue o Pico Santo Agostinho.

A caminho do "Conceição", constato aliviado que o Campo de Fora não sofrera muito com o incendio. Muito cocô de anta, agua e mato alto...
.   
                          

                                   



Já quando ganhavamos altura, o cenario das cinzas mostrava como foram duros aqueles dias de incendio recente, quando surge uma Fênix Cabocla...







E assim, de repente, em meio a tanta coisa das que agrada minha pequena tropa, cocô de anta inclusive, sem percebermos estavamos do cume do "Conceição", o sexto pico. Eram 15:14 da tarde. Abaixo, os Leões da Montanha no cume do Conceição, com os três picos do "Três Irmãos" ao fundo, nosso proximo alvo, após 5 minutos de descanso, regado a agua e castanha do Pará.




Pelo radio João Julio nos felicitava dizendo que 'tirava o chapéu' para os meninos, e recomendava retorno imediato ao vale: chuva de granizo ao Sul.

Avaliando o sentido do vento, Neneco e eu consideramos nossa posição segura, e na sequencia, como de praxe para resgate eventual, transmitimos a um preocupado João Julio que pretendiamos tentar tambem o "Três Irmãos", usando uma rota mais rapida chamada "Passagem" ou "Travessia" - que iclluie o oitavo pico, o Pico Santo Agostinho - que liga o Conceição ao Três Irmãos sem descer ao vale, e partimos. Neneco não é de negar fogo, não é Guia só de trilha aberta, rompe mato no peito, e mesmo sabendo que seria durissimo, permitiu que prosseguissemos, contaminado pelo animo dos meninos.

Teriamos luz até uma 19:30 hs (horario de verão). Não abordar o pico pelo caminho normal, que é via vale do Campo de Fora seria nossa unica chance de cume antes do breu total. Flanqueamos o complicado "Três Irmãos" (sem vegetação de suporte pelo incencio, rocha nua) à procura de uma fenda, inaugurando um caminho perigoso, e que nunca mais será usado pelo visitante comum (como nós), segundo o experiente Neneco: "...esse negocio de coragem não é muito bom não...".



A rota normal para quem segue para os "Três Irmãos" é um prosseguimento para a esquerda da linha amarela à partir do ponto 1:  pega-se um plano inclinado vindo do Campo de Fora, e sobe-se com relativa tranquilidade. À partir do ponto 1, nossa rota aproximada. Somente para se chegar ao ponto 1 a caminhada já beira os 14 km. Do ponto 2 ao 3, quando na linha verrmelha, estamos atrás do relevo, evitando a vegetação pesada do fundo do vale. De 3 a 4 o zig zague cansativo ao cume do Conceição. Em 5 já estamos perto da base, do inicio da "Passagem" ou "Travessia" entre o Conceição e o Três Irmãos, raramente visitada e que inclue um oitavo pico, o Santo Agostinho, marcado pelo numero 6. Em 7 vimos que a rota ascendente apresentava riscos demais e flanqueamos rumo a 8, um trecho dificil, e arriscado quando se quebra de 8 para 9, mas como dito anteriormente, foi a rota que nos permitiu escalar com luz do dia. Normalmente tambem se segue para alem do ponto 10 até a base da montanha no vale. Nós quebramos de 10 para 11, uma pirambeira que em muitos trechos escorregamos de bunda a mil por hora, na mistura de lama, cinza e pedra solta. No ponto de interseção da rota de ida e de volta, começa um mato fechado, 'onde nem onça anda' (Neneco), que rompemos no peito, sem facões, atalhando e cortando caminho, concluindo com luz e segurança essa etapa. 




Esta rota nova nos levou ao mais alto dos três cumes, com grande sacrificio. Vejam no video abaixo (10 segundos), do Cume dos Três Irmãos, as maõzinhas sofridas, o rosto imundo, e a sensação de realização nos sorrisos, neutralizando todo o cansaço....






Era noite quando chegamos à bifurcação que marca o inicio da estrada larga, a 8 km do Santuario. Combinamos que Gabriel e Neneco partiriam voando na frente, para garantir-nos um prato de comida. Segui atrás com Luquinha, caminhando forte, mas nem tanto, de olho na trilha, para não pisarmos em cobras. Meu filho e eu andamos juntos e sem espanto algum, na noite sem lua na terra dos lôbos, suçuaranas, cascavéis e cachorros-vinagre, passando pelos Pinheiros, Banho do Belchior, guiados pela silhuenta do Pico do Caparuça, que marcava nosso destino final.

Chegamos ao refeitorio às 20:30 hs, Haviamos completado inteiros nossa travessia e agora estavamos numa mesa farta, que incluia a presença honrosa de Neneco. Comemos em silencio, perdidos nas lembranças das últimas intensíssimas 48 hs de nossas vidas.

Foi assim que além de Pai e Filhos nos transformamos em algo maior, nos campos e sete montanhas da Mãe dos Homens...




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sábado, 22 de outubro de 2011

Retirada de ovos da fêmea, ou do casal



O leitor do blog Gustavo pegunta sobre o porque da necessidade de se retirar os ovos da fêmea, e se isso não é perigoso.

Retiro os ovos da fêmea porque não tenho como oferecer aos ovos a segurança que uma verdadeira galeria de paca ou tatu ofereceria. Estas galerias são sítios naturais da postura. A fêmea passa meses escavando, alargando o que o mateiro chama de 'panela', que é o local onde ela permanecerá enrodilhada sobre os ovos. E sim, a rugosidade em Lachesis tem função escavatória, também. Para facilitar, crio uma 'panela' para ela no final do túnel. Essa 'panela' tem uma tampa, que removo para avaliar os animais, e retirar ovos. Mas pode ocorrer a postura de ovos no corredor, e aí a dificuldade (e perigo) é grande. Na primeira foto do link abaixo uma 'panela' com tampa levantada e ovos:

http://www.lachesisbrasil.com.br/download/BulChicagoHerpSoc_Vol42Num3pp41-43%282007%29.pdf

Meu método de incubação é ditado pela Mata Atlântica  Os ovos ficam na floresta, que determina temperatura e umidade. Repare nas fotos abaixo que logo que tenho um conjunto de ovos formado, selo o recipiente contra ataque de moscas. Se expostos, os ovos não emplacam 5 dias. Nas profundas galerias isso não ocorre: insetos não voam para o escuro.

A fêmea permanece com ovos para protegê-los de pisaduras de paca e tatu  alem de investidas de teiús. Em todas as reproduções do NSG, o macho também permaneceu com ovos. Pode haver componente de higrorregulação nesse comportamento.

E se é perigosa a remoção dos ovos a resposta é sim. Talvez o pior momento no manejo. Se os ovos rolarem, perdem-se. Se você vacilar, pode se acidentar feio. Mas esta é a unica forma em que ocorreu reprodução em cativeiro do gênero Lachesis no Brasil...


Esta é a visão do desafio...

que tenho deste ponto de vista....


.... e retirar nesse contexto, um, cinco, dez ou mais ovos, e viver para contar, só se faz com calma tempo e pratica, conhecendo o comportamento do animal, e o momento de avançar ou recuar....


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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Picos Verruguinha e Carapuça, Brasil



Ontem foi o aniversario de 9 anos de Luquinha meu filho, reparei nele fazendo a seguinte conta, com toda a sua pureza: "Você está com cinquenta Papai, deve morrer com uns 80, então temos mais uns 30 anos pela frente". "Com muita sorte" pensei.

Foi da agonia dessa despedida inevitável, e da saudade antecipada, que nasceu esse nosso projeto dos picos, ficarmos juntos enquanto há tempo.

É um programa duro, difícil para corpinhos em formação, mas que será lembrado positivamente. As dores do esforço e as quebras psicológicas nos percursos, ficam num segundo plano frente ao algo maior, que foi e é a nossa aventura pela natureza, pela superação, por nossa união nessa vida curta.

À cada pico Gabriel leva uma garrafinha de água vazia, e faz o que for necessário para voltar do cume com "água original" de nascentes do cume. O souvenir é uma maneira de termos para sempre aquele local conosco, e isso diz tudo para mim. Nesse espirito fizemos mais dois picos no ultimo final de semana, o Verruguinha e o Carapuça.




Sobre o Verruguinha (1.650 mts), 6.800 mts de percurso até a base à partir do Santuário  1.300 mts de trabalho vertical. Sobre o Carapuça (1.955 mts), cerca de 6 km de percurso à partir do Santuário  90% do tempo em trabalho vertical. Observe que falo de ida. Incluindo volta, são 'passeios' de 12 a 14 km (no Canjerana foram 18 km), exaustivos. Desta vez não dormimos nos cumes, foram dois picos em dois dias. Completamos 4 dos 7.

Agora escrevendo sobre este último final de semana (01 e 02/10), lembro-me primeiro de quando o mato alto quebrou forte e houve uma disparada de animal grande em fuga, a uns 10 metros à frente e à minha esquerda. Estava no campo na Bocaina aos pés do Verruguinha, no percurso de volta, com Luca sentado sobre meus ombros, e com visão periférica excepcional. Eramos os últimos da fila, Ana, Gabriel e João Julio já tinham passado por este local. Do seu ponto de vista, bem mais alto que o meu, Luquinha não teve duvida: "Suçuarana Papai, nunca achei que fosse ver uma..." e seguiu gesticulando e descrevendo agitado a coloração ('amarelona Papai, quase laranja...'), o porte, a forma agachada da evasão, afastando de forma convincente a possibilidade de termos presenciado uma corrida de anta. Perto dali João Julio relatara ter ouvido os sons do acasalamento dos grandes felinos. No dia seguinte, bem alto no Carapuça, deparo-me com a melhor pegada de suçuarana que já vi, também descoberta por João Julio (a foto ficou péssima).

E falando de João Júlio, um aparte sobre os Guias e guias: no percurso de ida para o Verruguinha, paramos para abastecer-nos de água e energia nesse ponto abaixo...




Poucos minutos depois dessa foto, vozes, e chegam ao local duas pessoas, desistindo do Inficcionado sem ao menos atingir o primeiro plateau. Um guia (desconhecido) e seu cliente, dentista de Viçosa. O solado do calçado inapropriado soltara-se por completo de ambos os pés do sujeito (cliente). Fizeram perguntas que demonstravam total desconhecimento e despreparo. Entrariam fácil em trilha de anta perdendo-se naquele pico dificil.  Por sorte foram protegidos de sí mesmos pela Providencia. Aqueles pés descalços no alto do Inficcionado pediriam resgate certo. Nós, que tínhamos Guia, assistimos a João Julio pegar na mochila silvertape e superbonder para reconstruir-lhe as botas, e recusar uma ofensiva gorjeta em especie ao termino do serviço. Nem com "Irmandade das Montanhas" o inocente era familiar. Tudo muito triste, mas fático.


Seguimos em frente por áreas de mata, campos de samambaiuçu, até as paredes....





A uns 20 minutos do cume (rocha maior acima), Luquinha ficou descansando sob guarda da Ana Paula, enquanto fazíamos a abordagem do cume do Verruguinha, de onde Bibo raçudo sorri, e preenche anotações....





                            


Na sequencia a nascente do Rio Caraça, para que Gabriel completasse mais uma garrafinha de sua coleção de 'água original dos picos'...





Pouca gente conhece o cume e os paredões do Verruguinha, e nesse raciocínio  creio que ninguém conhece aquela montanha POR DENTRO. Luquinha e Bibo conhecem, ficaram completamente alterados e transtornados quando encontramos uma fenda na rocha e decidimos entrar uns 50 metros adentro. Nasceram para a espeleologia e exploração, coisa inata, que está no sangue.








João Julio teve esse sonho segundo o qual seria uma criança a primeira pessoa a encontrar pinturas rupestres no Caraça. Impressionados, Luca e Bibo partiram para a analise minuciosa das paredes desta gruta, e em nada encontrando, partiram para o lado que lhes é mais caro, o da Biologia. Esgueirando-se em fendas localizaram esta perereca e este sapo minusculo, moradores da escuridão total e que interessam à ciência. Em reunião rapida, decidimos deixá-los onde estavam, livres, e longe dos baldes de formol.

Lembrando do incêndio de poucos dias atrás, não tinha noção exata do que iriamos encontrar nesta ida ao Caraça. FORAM DOIS MIL HECTARES QUEIMADOS, e a Vale do Rio Doce, que gasta milhões em marketing institucional conservacionista, e que lavra do lado da reserva de onde veio o fogo, não contribuiu com um único homem para ajudar a combater o incêndio  Nem Vale nem SAMARCO. Ajuda zero. Já a Anglo Gold ajudou, e muito. O consolo, se há algum, reside só na capacidade de regeneração da natureza, caso contrario não teríamos Canelas-de-Ema fabulosas como esta do Verruguinha, com mais de 600 anos de vida, e certamente vivencia de outros fogos...





Bom, o post precisa acabar, tenho que comprar o presente de Luquinha com ele mesmo e agora, é promessa, e então finalizo com a joia do dia seguinte, o Carapuça...




                         Sua proximidade ao Santuário é enganadora, exige muito fisicamente....





O Carapuça vale cada palmo da subida, e quando se pode finalmente descansar, a vista do Santuário em miniatura dá uma noção do quanto fomos exigidos...




Falar de durezas, exigências e dificuldades aqui é algo que me desce mal. Duro é a vida não vivida, é não poder seguir o coração. Teve lagrima sim no Verruguinha, mas e daí ?



Junto com choro (clique sobre essa foto e verá a lagrima) teve onça, caverna, curiosidade, saúde, estarmos juntos. Teve vida como se fosse meu ultimo dia, como nos lembra Jobs no inicio desta postagem.



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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"Já era não existe"



Sempre tive muito medo de faca. 20 anos de medicina, centenas de casos. Morte e vida na mesa de cirurgia.




Desconfiado de mim mesmo, fui a um seminário de Krav Maga sobre técnicas de faca, defesa e ataque (!) Domingo, de 7 da manhã às 5 da tarde. Instrutor: Kobi Lichtenstein, 47 anos, ex-integrante das Forças Armadas de Israel, membro do pequeno grupo escolhido pelo próprio criador do Krav Maga, Imi Lichtenfeld, para difundir pelo mundo a defesa pessoal do exercito israelense.

Escutar Mestre Kobi falar com os olhos faiscando daqueles idos de 1930, com Imi nas ruas literalmente lutando para sobreviver ao nazi-fascismo, e posteriormente na década de 40, também nas ruas, sobrevivendo na mão à Palestina, já teria valido o dia. Mas tinha mais.

Treinamos à exaustão diversas técnicas, usando facas de plastico. O Krav Maga é tão simples, lógico e objetivo, que de certa forma e estranhamente, nada daquilo parecia novidade. Ao fim do dia tínhamos as bases e princípios desse tópico, que obviamente pede décadas de treino para o domínio pleno.

O que ficou de principal para mim, foi escutar aquele sobrevivente do Oriente Médio repetir furioso, e com sinceridade nítida, que "JÁ ERA NÃO EXISTE" para quem pretende ser seu aluno. Nunca entregar os pontos, nem depois da primeira facada: estatísticas policiais mostram que normalmente se morre na quarta; ou extrapolando, nunca sucumbir à pressão de espécie alguma: doenças, julgamentos, marés baixas da vida em geral.

E foi assim que a pessoa desconfiada de si mesmo voltou para casa mudada.






Obrigado Mestre Kobi