A falta de consenso entre os que realmente entendem permite aos pequenos divagar. Já lí sobre a disjunção da Mata Atlântica e floresta Amazônica ocorrendo entre 300 e 800.000 anos atrás. Já ouvi Niége Guidon dizer que a 10.000 anos (dez mil anos), na Serra da Capivara, Piauí, um dos lugares mais secos do Brasil, havia um continuo entre Mata Atlântica e o bioma Amazônico A região era tão úmida, que há desenhos rupestres de botos, grandes cervos (amazônicos) e vegetação alta. A datação destes desenhos ainda é incerta, mas Niége aposta que seus autores foram caçadores-coletores que andaram pela região entre 27 e 34.000 anos atrás.
"A antiguidade do homem americano está longe de resolver-se. Existem sinais de sua presença num período bastante largo, sem que os especialistas se tenham posto de acordo, que vai de 9 mil a 40 mil anos passados. Isso, enquanto se espera a confirmação dos 350 mil anos que, num resultado inicial, foram dados á camada IV da Toca da Esperança"
(Vicente Tapajós, R. IHGB, Rio de Janeiro, 152 (372): 785-799, jul./set. 1991)
Isto posto, volto à questão inicial deste post, a possibilidade de divagar. É certo que a questão da subespécie como um todo tende a cair em herpetologia: muita atenção a alguns detalhes, em detrimento de outros.
No caso de Lachesis, pessoalmente mantenho a distinção subespecifica, não só por ter clara a distinção morfológica, como para também não ter que ficar todo o tempo dizendo "refiro-me especificamente ao animal da Mata Atlântica", que é o foco do meu trabalho.
Mas o trabalho de Francisco Fernandes bate com a introdução do primeiro paragrafo deste post: há muita genética comum entre os animais da Amazônia e da Mata Atlântica biomas que estiveram unidos talvez antes do que se supunha. Minha intenção jamais seria contestar algo tão bem elaborado como sua "Revisão Sistemática , mas simplesmente dizer que para mim há utilidade em sistemática na distinção subespecifica de Lachesis no Brasil.
Já Ripa defende não só a manutenção da subespécie brasileira, mas amplia a distribuição de Lachesis muta rhombeata por todo o noroeste brasileiro até o sul do Rio Amazonas.
O ponto de vista de Daniel e Francisco Fernades:
http://www.lachesisbrasil.com.br/download/Revisao_de_Lachesis.pdf
O ponto de vista de Ripa:
http://www.lachesisbrasil.com.br/download/DeanRipa-GeographicalDistribution.pdf
O ponto de vista de Zamudio e Greene:
http://www.lachesisbrasil.com.br/download/Lachesis%28Zamudio-Greene%29.pdf
Um clássico das diferenças entre venenos em Lachesis, por Otero e Fátima Furtado:
http://www.lachesisbrasil.com.br/download/ComparisonVenomThreeSubspeciesLachesisMuta.pdf
Sempre um prazer ler e ouvir suas aulas sobre Lachesis. Tanto conhecimento e uma facilidade para repassar a quem quer que seja , com verdade, sem esconder o jogo.
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